Terumá: Projeto Arquitetônico do Mishkan Interior
Na porção Terumá, o Mishkan (Tabernáculo) é descrito com três ambientes principais:
Pátio Externo: חצר (Chatser)
Área interna, Lugar Separado: קודש (Kodesh)
Área interna, Lugar Reservadíssimo: קודש הקודשים (Kodesh HaKodashim)
Ha'Shem disse que deveríamos construir um mishkan para que ele habitasse em nós:
Então, o projeto do mishkan era, ao mesmo tempo, um projeto para aquele tempo, no Sinai, e um projeto perfeito de construção de um mishkan vivo, cada alma, um Beit Hamikdash" (בית המקדש), uma "Casa em que habita o Santo" ou "Casa Sagrada".
Portanto, em Terumá temos os elementos que simbolicamente trazem os aspectos físicos que devemos observar para nossa alma, que é imaterial.
Essa transformação do material para o imaterial simboliza hoje, e no plano de redenção!!! Vejamos:
Quantos elementos (ouro, prata, bronze, madeira..) que são descritos em Terumá? São 13 elementos que deverão ser consagrados e, simbolicamente, deverão ser encontrados na vida de um tzadik (pessoa em que o espírito de Ha'Shem habita).
13!!! É interessante esse número! Pois 13 são os princípios da fé; 13 atributos da misericórdia; 13 Versículos em Vayikra 26, que descrevem as bênçãos divinas para a obediência aos mandamentos; 13, é o número de letras únicas de shema Israel; 13, é a idade da maioridade espiritual (barmitzvá)! Por fim, e não mais especial que os anteriores, 13 são os matrimônios espirituais que são celebrados durante o shabat, criando um estado de elevação espiritual e conexão com Ha'Shem (ao final do texto tem mais explicações).
Assim, Shemot 25.8 e Eu habitarei dentro de vocês.
Para não ficar longo, vamos aos principais aspectos:
No pátio externo ficava o mishbeach ( lição onde se colocava no fogo os animais imolados). Em nós, o fígado representa este mishbeach, pois nele os elementos como o misheach filtrava retirando a impureza elevando em forma de fumaça aquele elemento material (luz primordial do vaso quebrado).
O fígado, כבד (Kaved) tem relação com כבוד (Kavod) honra, glória, pois o que diferencia é um "l" Vav, que é 6que simboliza a ligação entre os mundos superiores com os inferiores, ligação entre céus e terra.
Daí a ligação entre a comida kasher e a honra de D'us!!
Parte interna do mishkan, onde apenas os levitas, entravam, era o local em que cantavam louvores e orações. Representa o coração centro das emoções, e da natureza das alegrias.
O cérebro é o terceiro espaço, representa do o local especialíssimo (kodesh haKodashim) à Ha'Shem, onde a arca do testemunho da aliança estava localizada. Assim, apenas aquilo que é "kasher" (adequado ou permitido) deve alimentar a alma, pois o que é impuro ou inadequado pode contaminar o coração e a mente, afastando a pessoa da santidade.
Os quatro sentidos do ser humano são portais que conectam o mundo exterior ao interior. Se o que entra não é kasher, pode prejudicar a pureza da alma e a capacidade de construir um "Mishkan" interior sagrado. O Talmud, no tratado Chullin 9b (sefaria.com) discute a importância de evitar o consumo de alimentos não kasher, pois isso afeta a alma e a conexão com Deus. A ideia é que o físico e o imaterial estão interligados, e o que é consumido fisicamente impacta a o imaterial, a conexão com Ha'Shem (vulgarmente conceituado como espiritualidade).
O fígado representava a função do Mishbeach, pois os sucos gástricos são iguais ao fogo, que transformam a matéria. Então, devemos ter cuidado para colocarmos no Mishbeach apenas alimentos inspecionados, cuidadosamente, como Ha'Shem recomenda e os kohanim inspecionavam, para levar ao Mishbeach!!
Mishbeach hazahav (מִזְבֵּחַ הַזָּהָב), Mishbeach de Ouro ou "Altar do Incenso", era onde o incenso era queimado. Está ligado ao nosso sentido do olfato, que devemos saber pelo cheiro se o 'espírito' das nossas ações (o que nos move e o propósito destas ações), nos conecta a Hashem, por serem para ele agradáveis.
Veja que interessante: Incenso, ketoret (קְטֹרֶת), deriva da raiz hebraica "ק-ט-ר" (K-T-R), que significa "queimar" ou "transformar em fumaça", e amarrar, vem da mesma raiz "ק-ט-ר" (K-T-R). Cabalísticamente, as duas palavras estão relacionadas. A ideia de "amarrar", enlace do material adequado ao imaterial, reflete a elevação adequada das nossas ações.
A menorá era 100% ouro, e a Arca ouro por dentro e fora, madeira por dentro. Por que?
Reflete que, como somos fora de casa, devo ser dentro. Como sou na presença de outros, devo ser quando estou só.
Em grego personalidade vem de máscara, מַסֵכָה (massekhah) vem da raiz ס-כ-כ (S-K-K) ou נ-ס-כ (N-S-K), que se refere ao ato de "cobrir", "esconder" ou "fundir". Portanto, nos dois idiomas tem-se a ideia de uma "máscara" está ligada à função de ocultar ou proteger algo.
Aplicando à elevação, quando procuramos mostrar como somos bons no exterior, usamos palavras, vemos coisas, praticamos ações desaconselhadas pela Instrução de Ha'Shem (Torá), estamos sendo religiosos, usando máscaras, e estamos destruíndo nosso mishkan interior.
Como D'us irá habitar, se o mishkan está destruído?
Assim, na porção Terumah, somos apresentados à estrutura do mishkan, com lista de 13 materiais, e formas minuciosas para construir e separar para que a utilização tenha o efeito planejado por Ha'Shem elevação da alma.
Desta forma, a mensagem final é clara: devemos construir e preservar nosso Mishkan interior com integridade e santidade, para que Ha'Shem possa habitar em nós, conforme Shemot 25:8: "E Eu habitarei dentro de vocês".
BH!
U
Complemento:
Os 13 Matrimônios de Shabat (13 conceitos místicos de Isaac Luria). Estes são matrimônios espirituais pois representam a união de diferentes repercussões espirituais que ocorrem durante o shabat, criando um estado de harmonia e santidade, que é o que buscamos, a saber:
1. Keter (Coroa) e Malchut (Reino): A união entre a Coroa divina e o Reino, simbolizando a conexão entre o mais alto e o mais baixo.
2. Chochmah (Sabedoria) e Binah (Entendimento): A união entre a sabedoria e o entendimento, representando a integração do conhecimento divino.
3. Chesed (Bondade) e Gevurah (Força): A união entre a bondade e a força, equilibrando a misericórdia e o julgamento.
4. Tiferet (Beleza) e Malchut (Reino): A união entre a beleza e o reino, simbolizando a harmonia e a manifestação divina.
5. Netzach (Eternidade) e Hod (Glória): A união entre a eternidade e a glória, representando a persistência e a humildade.
6. Yesod (Fundamento) e Malchut (Reino): A união entre o fundamento e o reino, simbolizando a base espiritual e a manifestação física.
7. Chesed (Bondade) e Netzach (Eternidade): A união entre a bondade e a eternidade, representando a continuidade da misericórdia divina.
8. Gevurah (Força) e Hod (Glória): A união entre a força e a glória, equilibrando o julgamento e a humildade.
9. Tiferet (Beleza) e Yesod (Fundamento): A união entre a beleza e o fundamento, simbolizando a harmonia e a base espiritual.
10. Chochmah (Sabedoria) e Chesed (Bondade): A união entre a sabedoria e a bondade, representando a integração do conhecimento e da misericórdia.
11. Binah (Entendimento) e Gevurah (Força): A união entre o entendimento e a força, equilibrando a compreensão e o julgamento.
12. Keter (Coroa) e Chochmah (Sabedoria): A união entre a coroa e a sabedoria, simbolizando a conexão entre o mais alto e o conhecimento divino.
13. Malchut (Reino) e Hod (Glória): A união entre o reino e a glória, representando a manifestação divina e a humildade.
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