Ssbedoria das Parteiras:Verdades que Desafiaram o Faraó
A história das parteiras hebréias, Sifrá e Puá (tradicionalmente identificadas como Jocabed e Miriã, mãe e irmã de Moshé), que desobedeceram à ordem do Faraó de matar os bebês do sexo masculino (Êxodo 1:15-21), tem nuancias que, se não interpretada pela lógica judaica, pode chegar a conclusões equivocadas, como a que D'us aprova e premia a mentira, pois elas não cumpriram a ordem do Faraó e ainda diz no verso 20 "D-us fez bem às parteiras; e o povo aumentou e se tornou muito forte".
As implicações éticas desse episódio tem sido amplamente debatida no Talmud e pela tradição rabínica. A aparente contradição de D'us recompensar uma mentira levanta questões complexas. Vamos analisar algumas questões éticas levantadas e discutidas:
Inicialmente cabe destacar que o decreto do Faraó era um ato de genocídio, uma tentativa de exterminar o povo hebreu. O que você faria? A escolha era entre obedecer a uma ordem legal, emitida por quem tinha legitimidade para institui-la, ou desobedecer. Em outras palavras, cumprir uma ordem plenamente imoral, pois resultaria em assassinato de crianças inocentes ou desobedecer a ordem e, possivelmente, enfrentar as consequências que poderia ser a perda da sua própria vida!!
Vejamos as principais questões éticas desse tema:
É permitido mentir para salvar vidas? Este é o cerne da questão. A tradição judaica geralmente proíbe a mentira, mas reconhece exceções em situações de para salvar vidas (פיקוח נפש Pikuach Nefesh ).
O Talmud (Yevamot 65b) discute extensivamente este princípio, derivando-o de vários versículos, como "É permitido que uma pessoa se afaste da verdade em um assunto que trará paz?" "Rabi Natan diz: É uma mitzvá afastar-se da verdade para preservar a paz" fundamento em Samuel 16:2.
A mentira das parteiras é vista como justificada, pois se enquadra na categoria de salvar vidas.
Afinal, elas não mentiram? Alguns comentaristas argumentam que a resposta delas não era uma mentira literal, mas uma evasiva ou uma meia-verdade. Elas descreveram uma característica das mulheres hebréias, que eram de fato mais vigorosas e frequentemente davam à luz rapidamente. Assim, no momento do aperto do Faraó, que poderia dar fim às suas vidas, elas responderam com uma verdade. A intenção delas não era enganar, mas em evitar o cumprimento de uma ordem imoral. Desta forma a recompensa dada por Ha'Shem foi pela ação ou pela intenção?
O versículo diz que "D'us fez bem às parteiras". A questão é se a recompensa foi pela ação da desobediência à ordem do Faraó ou pela intenção de salvar vidas?! A tradição judaica valoriza muito a intenção (Kavaná) por trás das ações.
Outra interpretação é a da transgressão para um bem maior. A tradição judaica reconhece que, em certas circunstâncias extremas, pode ser necessário transgredir uma lei menor para evitar uma transgressão maior. No caso das parteiras, a "mentira" ou evasiva, foi uma transgressão menor em comparação com o assassinato de bebês inocentes.Ramban (Nachmânides), segue por aqui, explicando que a intenção das parteiras era salvar vidas, o que justifica sua ação.
De qualquer forma, elas não mentiram, apenas contrapuseram verdades para evitar cumprimento de uma ordem imoral.
Ha que reconhecer que na realidade dessas parteiras não sabiam que sairiam com fida da presença do Faraó e tiveram muita coragem de assumir para si toda a responsabilidade de não cumprir uma ordem direita do Faraó.
Essa atitude demonstra profundo senso ético que estava nesse nível de pureza e discernimento, em razão do conceito judaico de יראת השם (Yirat HaShem) A palavra "Yirat" (יראת) vem do verbo "Yare" (ירא), que significa "temer" ou "respeitar". "HaShem" (השם) é uma forma reverente de se referir "O Nome", evitando o uso direto do Tetragrammaton (YHWH) (temor de D'us), que nada tem à ver com sentimento de medo, mas consciência do dever que se espera de um servo que conhece a ética de seu senhor. O texto diz que:"temeram a D-us e não fizeram como lhes ordenara o rei do Egito". Rashi (Rabino Shlomo Yitzchaki), explica que D'us recompensou as parteiras por seu temor a Ele, que foi maior do que o temor ao rei.
A história das parteiras hebréias não é uma apologia à mentira, ou que o fim justifica os meios, mas, o nível de consciência das parteiras que conseguiram discernir na pirâmide de leis, da éticas e de procedimentos, em que, a lei maior prevalece sobre outra que é menor ética de D'us prevalece sobre a humana e que o temor de Ha'Shem é o princípio da sabedoria.
B H!!
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