Ser religioso ou servir a D'us?



Fazer circuncisão, e namorar como um ateu ou cristão, não é fé, é, religiosidade. De igual forma, clocar tzitzit de amarrar em qualquer parte em lugar de talit katan; ir na sinagoga e não estudar a Torá ou fazer oração em casa, durante a semana; não respeitar pai, mãe ou esposa; se infiel ou não ser viver em concubinato e usar talit gadol, não é fé, é religiosidade. 

No Talmud diz:

Rabi Ḥananya ben Akashya diz: O Santo, Abençoado seja Ele, buscou conferir mérito ao povo judeu; portanto, Ele aumentou para eles a Torá e as mitzvot, pois cada mitzvá aumenta o mérito, como é declarado: “Aprouve ao Senhor, por causa de Sua retidão, tornar a Torá grande e gloriosa” (Isaías 42:21). Deus buscou tornar a Torá grande e gloriosa por meio da proliferação de mitzvot.


Usar talit gadol ou katan (cordões da camisa judaica), kipa etc. pode ser uma grande inutilidade ou bênção.

A mitzvá deve ser um meio para se aproximar de D'us, e não um fim em si mesma. Quando uma pessoa resolve seguir preceitos bíblicos, é porque em seu coração ou mente, uma centelha da revelação de D'us despertou seu interesse. E esse despertar gerou o sentimento que impulsiona a pessoa a querer provar desse D'us, e assim passa a viver essa experiência incrível, passa a amar a D'us, e fica apaixonado pelas Sagradas Escrituras. Por outro lado, quando a pessoa nasce em uma família ou sociedade "religiosa" (cristã, judaica, muçulmana...) passa a viver "automaticamente" nessa atmosfera, e então, pode ser que cumpra alguns preceitos de forma automática ou como forma cultural.

Focando nos que seguem o Deus d Avraham, Isaac e Yaacov, a emuná, mormente traduzida como fé, é fruto da experiência que a pessoa tem com D'us.  Ela é intransferível.

 Presenciar um ato de emuná (fé), é impactante e gera respostas da consciência de quem viu. A repercussão dessa experiência conduz a aproximação dessa pessoa com D'us.

Como o conceito judaico de emuná é mais profundo que a sua tradução para português ou espanhol, 'fé", que esta mais ligado a ideia de acreditar depositar confiança), tem-se que considerar alguns aspectos de ordem bíblico-judaica, para se compreender.

A prática religiosa, muitas vezes, se confunde com a verdadeira conexão com o Divino. Enquanto a religiosidade pode se manifestar em rituais e observâncias externas, servir a D'us implica em uma profunda transformação interior, guiada pela emuná, a fé genuína.

A emuná não é apenas uma crença intelectual, mas uma experiência viva que impulsiona o indivíduo a amar e obedecer a D'us de todo o coração. Como os Salmos expressam: "O seu prazer está na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite" (Salmo 1:2). 

Emuná (fé em hebraico) é experiência com D'us que lança a pessoa ou desperta a alma, para amar a D'us e gera uma escalada de querer obedecer mais e mais à sua Palavra (primeiro amor ou despertar da alma).  Este é um fato genuíno que ocorre. A emuná, portanto, é gradual, e a experiência de uma pessoa não é gabarito ou modelo para a outra. Por exemplo: uma pessoa pode querer usar tzitzit katan (cordões na vestimenta) para cumprir a mitzvá de Devarim (Dt.) 22:12: "Farás franjas para ti e as porás nos quatro cantos de tua vestimenta com que te cobrires."

Se coloca como resultado de uma obediência entendendo que ele adereço serve para que o usuário lembre de cumprir todos os mandamentos de D'us. Esta correto o uso. Mas se for para vejam que ele está usando (seja para identificação identitária ("soubjudeu") ou para externar a outros (publicidade) que "obedece" a D'us, ou por costume, isso é um verdadeiro nada.

Assim, que estava usando para externar uma um obediência para outros verem, pode, que em um determinado momento, esa pessoa possa compreender o verdadeiros sentido e passar a usar o tzitzit com a verdadeira intensão e sentido desse mandamento (kavaná). O Talmud, em suas discussões sobre os mitzvot, enfatiza a importância da intenção (kavanah) por trás da ação. 

Então o que modificou se deixou de usar como adereço cultural?

 Para a pessoa que usava o tzitzit, o que alterou foi a consciência, em sua escalada de  obediência. Para as outras pessoas que o viam, não muda nada visualmente, pois o que D'us quer é que "Tenha o cuidado de obedecer a toda a lei que o meu servo Moisés. Josué 1.

Aqui um ponto importantissimo:

A verdadeira obediência a D'us não se resume ao cumprimento externo de regras e tradições, mas o cumprimento de forma cuidadosa os mandamentos, é que diz João 14.15: Se me amardes, guardareis os meus mandamentos.

Este guardar em grego é   τηρέωē (tréō) que significa "atender cuidadosamente". E em Bereshit (Gn.) 26:5. Ele diz:" Porque Abraão obedeceu à minha voz, e guardou o meu preceito, os meus mandamentos, os meus estatutos e as minhas leis." A palavra obedecer em hebraico é שָׁמַר (shamar), que é "obedecer; ouvir com atenção, com interesse".

Portanto, o que muda é o nível de consciência da pessoa. Judaísmo não é manual de padrões para que terceiros possam avaliar o comportamento do outro como se faz um checklist.  Mas, pratico todos os mandamentos por amor a D'us, e as minhas ações frutos da obediência é que refletem minha conexão com D'us, e esta conexão leva as pessoas à reconhecer a Torá e gerar a aproximação dessas  pessoas à D'us. Isto é emuná e servir de korban (o que aproxima) vivo.

A prática da emuná eleva a alma, e isto contagia outros e serve como uma centelha da existência de D'us aos olhos dos outros, que induz as pessoas a seguirem à D'us e conhecer os seu mandamentos. 

Assim, contribuímos para a melhoria do mundo mediante a transformação das mentes.

BH



 


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