Sarah e Rivika: Soluções para Crises




Por que Sarah e Rivka (Rebeca) tiveram protagonismo direto no projeto de D’us em criar um povo de sua exclusiva propriedade?

Ao ler as porções Lech Lecha e Toledot, identificamos situações dramáticas do cotidiano que exigiram decisões difíceis das matriarcas, que, ao buscar solução, se observa dois modelos de comportamento  com resultados e repercussões completamente distintas. 

Por um lado, Sarah, inspirada por D’us, quanto ao legado e pacto de Avraham com Ha-Shem, se vê diante de uma dramática situação familiar: ter que tomar posição para aperfeiçoar o foco de Avraham, no filho que levaria o legado e pacto estabelecido  com D'us.  Para tanto, optou por uma conversa direta com Avraham, e dá a solução: mande embora Ismael  e sua mãe. Convenhamos, uma situação difícil,  que gerou postura firme e corajosa, porém  necessária. 

Por outro lado, Rivka, inspirada por Ha-Shem, percebendo que Yaacov possui qualidades emocionais, caráter e sabedoria  que lembrava o legado de seu Pai e de seu avô,  Avraham, se vê diante de uma dramática situação familiar, em que, ao ouvir seu marido dizer que iria passar o legado que recebeu de Avraham, para Essav, resolve alterar esse fato, porque sabia que Essav não possuía a estatura moral, emocional e de sabedoria  que espelhasse as características de Isaac e de Avraham. 

Diante desta perturbadora situação, opta por uma ação indireta e dissuasora, assumindo ela própria todas consequências de sua decisão, resolvendo enganar seu marido para que dirigisse a benção a quem ela, entendia ser a pessoa escolhida por D’us, para seguir o legado e pacto de  Avraham.  Convenhamos, uma difícil situação, que, ao final, mostrou-se acertada. 

Vamos analisar estes dois quadros dramáticos da vida cotidiana (que não vem com manual), para aprendermos com eles:

Sarah: A decisão de Sara de expulsar Ismael, filho de Agar, é motivada pela promessa de D’us de que a descendência de Abraão viria por meio de Isaac.

A expulsão de Ismael é vista como uma medida necessária para garantir a pureza da linhagem que levaria ao Messias. Essa interpretação está alinhada com a noção de que a promessa de D’us é específica e intransferível.

 A figura de Sara é exaltada como a matriarca ideal, dedicada à preservação da linhagem e à educação de seu filho. Sua atitude é vista como um exemplo de fé e submissão à vontade de D'us.

Rivka: A sua preferência por Jacó é frequentemente interpretada como uma manifestação da bênção de Avraham.

A escolha de Yaacov é justificada por suas qualidades pessoais, como a concentração, espírito pacífico, sabedoria e a capacidade de liderança. Essas características o torna apto a obter a benção de Isaac e a continuar a obra de Avraham.

Rivka, assim como Sarah, é vista como uma figura materna que,  apesar  de buscar garantir o futuro de seu filho, não se omite, e age, embora questionável por alguns, porém suas ações são justificadas pela intenção de cumprir a vontade D'us.

Num paralelo sobre as decisões, estratégias e consequências diante de um dilema das matriarcas pode-se sintetizar:  

Sarah - Motivação: Cumprir a promessa divina, proteger a linhagem.

Rivka - Motivação: Garantir a benção para Yaacov, visto como o escolhido de D’us.

Sarah - Método: Direta e honesta, comunicando a decisão a Avraham.

Rivka - Motivação: Enganosa, manipulando a situação para obter o resultado pretendido. 

Sarah - Consequências: Dor imediata, mas preservação da linhagem prometida e do legado. Em seu sepultamento Isaac participou.

Rivka - Consequências: Divisão familiar, rivalidade entre os irmãos, com promessa de morte. No sepultamento de Rivka, Yaakov não participou.

Sarah - Justificativa: Ação necessária para cumprir a promessa e pacto. 

Rivka - Justificativa: Ação necessária para obter a bênçãos para cumprir a promessa e o pacto. 

Pelos planos acima abordados,  percebe-se que as duas marriarcas tinham consciência  e cimpromisso insuperavel com o pacto  e legado estabelecido entre Avraham e D'us. Ambas as mulheres são louvadas por sua obediência à vontade de D'us, nessas decisões difíceis e apesar das estratégias. As duas são vistas, apesar do comportamento maternal, como quem optou em cumprir o projeto  de D’us  acima de seus instintos maternais. E que, suas respectivas ações são interpretadas como parte do plano que D’us coordenou.

A análise das ações de Sarah e Rivka revela semelhança com as nossas situações cotidianas, e a dificuldade que enfrentamos para tomada de decisões morais em situações extremas.

Assim, a decisão de Sara levou à divisão da família de Abraão, enquanto a ação de Rivka gerou rivalidade entre os irmãos e desencadeou uma série de eventos que moldaram a história do povo judeu.

Com a histórias de Sarah e Rivka somos instados a reagir diante dos inevitáveis dramas familiares e problemas cotidianos, a enfrentarmos essas situações (complexas), com consciência e compromisso com Ha-Shem, para enfrentar esses desafios sem descuidar do nosso papel de servos de D’us, que têm um papel a desempenhar, que é cumprir os seus mandamentos (ética de D’us) com amor e entendimento, como verdadeiros agentes (shaliach), promotores do retorno (teshuva) das almas ao seu caminho, contribuindo com a retificação  (ticum) de todas as coisas.

Que venham o Mashiach brevemente em nossos dias.


BH!!


Comentários

Postagens mais visitadas