Korban e Sacrifício: Diferenças entre Judaísmo e Cristianismo

 



É  comum ouvir cristãos falarem que o Messias  foi o sacrifício perfeito,  e por isso,  não há mais sacrifícios. Será que isso é verdade? É bíblico?Estas  máximas são confirmadas pela Bíblia?

"Jesus é o sacrifício perfeito." Referindo-se à crença de que Jesus foi o sacrifício sem defeitos que redime todo aquele que nele crê.

"Cristo, nossa Páscoa, foi sacrificado por nós." Baseada em 1 Coríntios 5:7, essa frase relaciona Jesus com o cordeiro pascal, que foi sacrificado durante a Páscoa judaica.

"A expiação pelo sangue do Cordeiro. "Refere-se à ideia de que o sangue de Jesus, derramado na cruz, expiou os pecados de quem crê nele.

Antes de entrarmos no tema,  é imprescindível compreender que a expressão "sacrifício", não  é  a melhor tradução  para a palavra hebraica korban, que se traduziru primeiro para o grego, e depois para as demais línguas. 

A palavra korban (קורבן) é derivada da raiz karav (קרב), que significa "aproximar-se" ou "trazer perto". No contexto bíblico, korban refere-se a  forma que D’us providenciou para que, quando a pessoa  transgredisse, pudesse ter uma forna de ae purificar se aproximar d'Ele, expressando arrependimento e pedido de perdão  de suas transgressões, gratidão ou adoração. Ou seja, não  se oferece sacrifício, porque tudo é dele, nem se faz sacrifício, porque Ele não se agrada con a morte de animais.

 A palavra  sacrifício perdeu seu significado original do latim, ganhando significado religioso de refere-se ao ato de oferecer algo valioso para um santo, uma entidade espiritual ou uma divindade(deus pai, deus filho ou deus espírito santo), para obter perdão, uma graça, ou mesmo para prejudicar alguém,  como no vudú ou,  no caso do Brasil, é frequentemente associadas a religiões de matriz africana, como o Candomblé e a Umbanda. 

Para explorar  compreensão do korban, tomaremos alguns textos chave:

  • Levítico 1:9: "Porém a sua fressura e as suas pernas lavar-se-ão com água; e o sacerdote tudo isso queimará sobre o altar; como korban queimado, de cheiro suave ao Senhor.
  • Levítico 4:31: "Assim fará com o bezerro, e com o bode, e com o carneiro, segundo tudo o que foi ordenado para o holocausto; e o sacerdote fará por ele expiação, e ele será perdoado."

Qual o objetivo e a funalidade do korban?

O korban tinha como objetivo primordial restabelecer a relação com D'us,  quebtada com a transgressão. Pois, como diz Isaías, "as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que vos não ouça." Isaías 59:2-13

Ao apresentar o korban, o indivíduo reconhece a santidade de D'us e a própria condição de transgressor da Torá. O sangue derramado simbolizava a vida entregue a D'us como uma forma substituta, subjetiva (entendedo com o pecado estou afastado D’us, ou seja, morto).

 A gordura, que era queimada pelo fogo, subia como um aroma agradável, representando a ascensão da oração ao céu.

O corban, para realização válida perante a regra que D’us mesmo estabeleceu, possuía condições  objetivas e subjetivas para o animal e, também,  condições  objetivas e subjetivas para a pessoa que apresentava.

As condições  objetivas  do animal, por exemplo um cordeiro, um novilho, e o subjetivo, estava a idade, ser macho, sem defeito, etc.

Já as condições objetivas para a pessoa estava a pureza ritual, pois a pessoa precisava estar ritualmente pura para se apresentar  no Mishkan ou templo, como exemplo, não ter contato com cadáveres ou outras impurezas.

A pessoa deveria ser um membro da comunidade, ou seja, ser judeu ou, em alguns casos, estrangeiros que estavam em processo de conversão ao judaísmo, também apresentavam korban. E ainda, intenção clara e especifica, ou seja, a pessoa deveria apresentar o korban para expiação, gratidão ou cumprimento de um voto.

Já  as condições subjetivas, estão, as de foro íntimo e de consciência, como arrependimento sincero pelos seus pecados e propósito genuíno de mudança de comportamento. Também  deveria ter compreensão clara do significado do korban e da sua importância espiritual. Isso incluía a consciência de que o sacrifício era um meio de se aproximar de D’us. E por fim,  a obediência aos mandamentos, pois a pessoa deveria estar comprometida em seguir os mandamentos de D'us, demonstrando uma vida de obediência e proceder socia, segundo a ética da Torá.

Ao apresentar um korban, a pessoa era purificada de suas impurezas e se tornava apta a se aproximar,  reconectar com D’us. Essa purificação era essencial para participar dos serviços no Templo e para viver em comunhão com o povo de D'us.

A instituição do korban, na perspectiva judaica, era parte de um plano de Ha'Shem,  mais amplo. O sistema de korbanot foi um meio de preparar o povo de Israel para o projeto messiânico,  ou seja quem irá trazer os exilados de todas as partes da terra,  reparar a relação  da casa de Israel, devido o divórcio decretado por Ha'Shem em Jeremias  3.8 "por ter cometido adultério, a rebelde Israel despedi e lhe dei a carta de divórcio".

Na perspectiva da reparação da conexão com D'us, a missão  do Messias é perfeita, porque não só irá recompor a conexão da casa de Israel,  como restaurará as condições  gerais da terra, e de todas as almas (pessoas) para às condições que haviam no Eden, ou seja, através de um homem (Adan) entrou  a transgressão  e a degradação espiritual, humana e ambiental e, por um homem, o Messias,  restaurar-se-ão todas as coisas, retornando às condições iniciais do Eden, em que Deus passeava ao fim do dia com o homem!! BH!! 

Agora, pois, ó Israel, que é que o Senhor teu D’us requer de ti, senão que temas o Senhor teu D’us, que andes em todos os seus caminhos, e o ames, e sirvas ao Senhor teu D'us de todo o teu coração e de toda a tua alma. Devarim 10.12

A mensagem deste versículo  está presente em diversos livros da Bíblia. Ele resume a essência da relação entre D'us e o ser humano. Ao instituir o sistema de korban, D’us não buscou apenas um ato externo,  um conjunto de fazeres mecânicos, mas sim, uma forma de elevação do nível  de consciência e mudança interior no coração da pessoa. 

Diferenças entre as concepções bíblico- judaicas e criadas pelo cristianismo.

Vamos traçar um paralelo entre a concepção judaica e cristã do korban, com foco particular no sacrifício animal, abordando aspectos objetivos e subjetivos:


1. Objetivo do Korban

- Judaísmo: O korban tem o objetivo de aproximar a pessoa de D'us. É uma representação simbólica de entrega total e submissão à Sua vontade. Na apresentação  do korban, a pessoa se identifica com o animal, reconhecendo que, em seu lugar, o animal é imolado.

- Cristianismo: A morte substitutiva de Jesus é vista como o sacrifício supremo que paga pelos pecados de toda a humanidade, tornando os indivíduos puros e redimidos. Acontece quando a pessoa crê em Jesus e de uma fez por todas  é considerado perdoado, sem necessidade de reparar danos, ou fazer qualquer outra coisa.

2. Requisitos Objetivos do Korban

- Judaísmo: Exige um animal sem defeito, na idade certa, e a pessoa tem que impor a mão sobre a cabeça  do animal  e confessar suas transgressões da Torá, diante do kohen ("sacerdote)  no Templo de Jerusalém. As regras para os korbanot são detalhadas e incluem tipos específicos de apresentação (olá, shlamim, chatat, etc.).

- No cristianismo, Jesus Cristo na cruz é visto como um korban perfeito e suficiente. Ele morreu pelos pecados de toda a humanidade de uma vez por todas. Contudo, D’us não se agrada de 'sacrificios" humanos: Deuteronômio 12:31: "Não farás assim ao Senhor teu D'us; porque tudo o que é abominável ao Senhor e que ele odeia, fizeram eles aos seus deuses; pois até seus filhos e suas filhas queimam no fogo aos seus deuses."

3. Condição Legal para apresentação do korban

- Judaísmo: Quem apresenta o korban deve estar ritualmente puro e cumprir todas as prescrições da Lei de Moshé. A apresentação do korban no Templo tem um procedimento rigoroso que precisa ser seguido.

- Cristianismo: A aceitação do "sacrifício" de Jesus requer apenas a fé nele como o salvador e o reconhecimento de seu ato expiatório. Não existem requisitos rituais nem se pressupõe a necessidade de pureza para se aproximar e andar com D'us, tampouco se espera que cumpra os mandamentos  de D'us. Uma vez salvo, é  para sempre e vai morar no céu. 

4. Consciência e Arrependimento

- Judaísmo: A apresentação do korban exige um estado de arrependimento sincero, reparação  de danos que possa ter causado a transgressão, e o desejo de reconectar-se com D'us, demonstrado por mudanças no comportamento e obediência aos mandamentos.

- Cristianismo: A fé no sacrifício de Jesus implica arrependimento e conversão, levando a uma vida de amor ao próximo. O arrependimento é uma condição para a aceitação do sacrifício de Cristo, mas a salvação é pela graça, não pelas obras.

5. Obediência e Caminho de Deus

- Judaísmo: Após o korban, há uma expectativa contínua de viver segundo os mandamentos de D'us, em constante vigilância e obediência.

- Cristianismo: A crença na salvação através do sacrifício de Jesus deve levar o cristão a viver uma vida de obediência aos ensinamentos de Cristo (não a Lei de Moisé, pois esta foi cravada na cruz,  a lei é maldição, e foi revogada. A transformação  vem pela fé!!!

Essa comparação mostra como ambas as interpretações da Bíblia  são  completamente diferentes  que conduzem a posições antagônicas. 

Vale lembrar a sentença que foi prolatada pelo Messias: 

"Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E em teu nome não expulsamos demônios? E em teu nome não fizemos muitos milagres? E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade." Mateus 7.22, 23ou seja os que negam a Lei de Moisés" (anomia, traduzida como iniquidade,  contudo,  significa negar a Lei, no caso,  Torá). 

Quem tem ouvidos ouça.

BH!!!

Comentários

Postagens mais visitadas