Dura cerviz



A caracterização do povo de Israel como "de dura cerviz" é um estereótipo persistente no discurso cristão. Embora a expressão tenha origem bíblica, é importante contextualizá-la historicamente e em que contexto foi dito, para nao se pensar que 'dura cerviz, seja uma característica intrínseca do judeu. 

Isto está certo? Já te adianto. Bendito seja Ha-Shem que não permitiu que seu povo se convertesse ao cristianismo ou reconhecesse Jesus, o messias (cristo) dos cristãos.

Com honestidade intelectual, clareza de raciocínio e fundamentado na Bíblia (cristã e judaica), você concluirá 'quem é', e o 'que é' povo de dura cerviz.

A expressão "povo de dura cerviz" é um termo bíblico frequentemente utilizado que descreveu o povo de Israel, especialmente em momentos de desobediência e rebeldia contra Deus. A primeira vez que aparece é em Shemot (Êxodo) 32, no episódio do bezerro de ouro.

Essa expressão carrega consigo um significado simples e prático,  revelando tanto a natureza humana, quanto a relação entre D'us e Seu povo.

A expressão dura cerviz (עֹרֶף קָשֶׁה) literalmente em hebraico é pescoço duro. Trata-se de uma metáfora que  indica teimosia, obstinação e resistência Em não obedecer às Instruções (toratot) de D'us.  Um povo de dura cerviz é aquele que se recusa a ouvir a voz de D'us (Torá) e a seguir Seus princípios. 

Essa expressão, D'us utiliza para descrever o comportamento de Seu povo em diversos momentos da história do povo de Israel, e em todos está relacionado ao comportamento em que a liderança, que representa o povo, está resistindo.

 D’us havia dito:

 "E agora, Israel, que é que o Senhor, teu Deus, te pede? Nada mais senão que temas ao Senhor, teu Deus, andando em todos os seus caminhos, e amando-o, e conveniente-o de todo o teu coração e de toda a tua alma." Devarim (Dt.) 10:12 . 

 

Ao qualificar o povo de Israel como “de dura cerviz”, Deus está expressando Sua desaprovação diante da desobediência, frente ao conhecimento de Sua vontade.

Para não demorar, num raciocínio direto lógico e simplificado temos:

  • Quem resiste à vontade de D'us é de dura cerviz.
  • A vontade de D'us está expressa nas Sagradas Escrituras (Lembre-se que o chamado 'Novo Testamento' começou a ser escrito no ano 55. Quando nas cartas dos apóstolos falava-se sobre Sagradas Escrituras, não estavam incluindo essas cartas, pois elas foram concluídas no ano 100, portanto, ainda não existia o 'Novo Testamento', apenas a Torá (pentateuco] e os profetas);
  • Quem não obedece aos mandamentos, resiste a D'us.
  • Logo, quem não obedece à Bíblia é de dura cerviz.

Como ter as Sagradas Escrituras mão e ser de dura cerviz ?

 Após a divisão do reino de Israel, ocorrida após o reinado de Salomão, o reino do norte enfrentou um desafio singular: como manter as tradições religiosas sem a cidade de Jerusalém, centro religioso e político do reino unificado?

Vinculadas a Jerusalém, as festividades judaicas exigiram uma reinterpretação por parte dos sacerdotes do reino do norte. A nova realidade geográfica impulsionou a busca por um novo centro religioso, que encontrou em Samaria seu apoio. Essa mudança geográfica e religiosa, por sua vez, abriu espaço para novas interpretações das Sagradas Escrituras, alterando as festas e datas, destruídas essas tribos e conhecidas como as ovelhas perdidas da casa de Israel.

No cristianismo ocorreu algo semelhante. Para gerar uma nova religião com identidade própria e diferente do judaísmo, se utilizou das Escrituras de forma seletiva, moldando-as às suas próprias necessidades teológicas  e visões de mundo, em detrimento da verdadeira intenção revelada por D'us. 

Os exemplos são muitos:
  • Mudança do dia santo: Do ​​Shabat (último dia) para o Domingo (primeiro dia);
  • Alteração da Lei Alimentar com Restrição e no Cristão, sem restrições;
  • A perda da vigência da Torá (Lei Mosaica), pois com  a morte de Jesus na cruz, se inaugurou um novo pacto, evidenciando a ideia de superação da 'antiga aliança'.

Essas práticas, marcadas pela interpretação tendenciosa e pela busca por justificativas para comportamentos e crenças pré-existentes, demonstram como a Bíblia pode ser tanto uma ferramenta de fé quanto um instrumento de manipulação.

A Bíblia,  é um texto sagrado que Deus revelou ao povo Judeu, e disse que eles seriam uma nação santa e um reino de sacerdotes. Porém, a Torá, foi objeto de inúmeras interpretações ao longo dos séculos. 

Vamos centralizar apenas os principais fundamentos

A crença na imutabilidade de D'us e da Sua Palavra. Ele disse para Adão que o Shabat é o dia de descanso, confirmado no Sinai, (10 mandamentos) e em Isaias 66.23, no futuro reino do Messias,   afirma que "de uma nova lua a outra e de um Shabat a outro, toda carne virá para adorar-Me" , é claro e inequívoca: o Shabat e as festividades lunares continuarão a ser praticados no futuro reino messiânico. Essa promessa de D'us reafirma a importância da observância e demonstra que elas não são meras práticas arcaicas, mas sim elementos fundamentais da fé judaica.  Contudo, a  manipulação, particularmente e evidente da questão do Shabat e das festas, levou os adeptos cristãos às práticas religiosas que, paradoxalmente, contradizem os próprios ensinamentos bíblicos.

O judaísmo fundamenta sua fé na crença de que D'us é imutável e Sua Torá, revelada ao povo de Israel no Monte Sinai, é eterna e imutável. Essa perspectiva se contrapõe às interpretações cristãs que, em busca de criar uma nova aliança firmada em Jesus Cristo, adaptaram e reinterpretaram diversos preceitos da Torá.

Além do Shabat, outras celebrações judaicas, como as festas da Lua Nova e as festividades yom Teruá,  kipur, etc., também foram alvo de reinterpretação ou abandono no cristianismo. O profeta Ezequiel, por exemplo, descreve em detalhes a restauração do Templo e o reinício da utilização dos korbanot (imolações ou 'sacrificios'), isto no futuro reino messiânico (Ezequiel 40-48). Essa visão de um futuro onde as práticas cultuais judaicas serão restauradas e universalizadas contrastando com a teologia cristã que, em geral, minimiza a importância desse calendário bíblico.

Assim, a Torá, como expressão da vontade D'us, é vista no judaísmo como imutável e eterna. Qualquer tentativa de alterar ou reinterpretar seus preceitos é considerada uma afronta à vontade já manifesta. 

Por fim, a teologia da substituição, que afirma que a Igreja substituiu Israel como povo eleito de Deus, tem sido utilizada para justificar a reinterpretação e o abandono de todos elementos da tradição judaica.

Portanto,  dura cerviz é uma característica exclusiva para quem, tendo as Sagradas Escrituras opta por contraria-la, segindo   interpretações que contradizem até mesmo a literalidade do texto bíblico como:

Não penseis que vim destruir a Lei ou os Profetas. Eu não vim para anular, mas para cumprir. Mt 1.17

Nisto consiste o amor a D'us: em que pratiquemos os seus mandamentos. E os seus mandamentos não são penosos.1 Jo 5.3

Na cadeira de Moisés estão assentados os escribas e fariseus. Todas as coisas, pois, que vos disserem que observeis, observai-as e fazei-as Mt 23.2,3

Porque eu, o SENHOR, não mudo. Malaquias 3.6

O que é, e quem é de dura cerviz?


BH

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