Um Novo Israel
O livro de Bamidbar (Números), o quarto da Torá, na sua primeira porção, apresenta um conjunto de fatos práticos com profundo simbolismo, que vai além da simples descrição das jornadas do 'novo' povo de Israel (os filhos de Yaacov, somando-se a mistura de povos escravos que a eles aderiram), e foram para o deserto. Aqui pretendemos explorar e identificar camadas mais profundas de significados que revelam a natureza da individualidade plasmada na santidade individual, que refletirá na coletiva, de forma impressionante, revelando profecias no contexto da (geulá), a redenção programada desde Bereshit (Gênesis) 3.15, a semente da mulher que esmagará a cabeça da serpente.
Desmaterialização Individual e Santidade Coletiva
O censo realizado em Bamidbar (Bamidbar 1:1-46) dos israelitas é mais do que uma mera contagem de pessoas, este evento simboliza a desmaterialização das individualidades em prol da formação de um coletivo com uma identidade única: a nação santa.
Essa desmaterialização não significa a negação da individualidade, mas sim sua transcendência para um propósito maior. Cada israelita (e ex-gentios escravos, que aderiram), com suas qualidades e habilidades únicas, era chamado a contribuir para a construção de uma nação que refletisse a santidade de D'us.
A santidade individual era a base para a santidade coletiva. Cada israelita, ao se conectar com Deus através da Torá e dos mandamentos, se tornava um farol de santidade que iluminava o caminho para a nação como um todo. As implicações proféticas deste tópico são imensas e profundas (fica paraum futuro estudo).
Organização Profética em Torno do Mishkan
A organização das tribos ao redor do Mishkan (Bamidbar 2) não era aleatória, mas sim profundamente profética. A posição de cada tribo refletia seu nível de santidade e sua missão específica dentro do plano divino.
As tribos de maior santidade, localizadas na frente do Mishkan, representavam a liderança espiritual da nação, segundo a característica de seu patriarca, responsáveis por guiar o povo no caminho da Torá.
As demais tribos, posicionadas ao redor do Mishkan, na forma de um gigantesco retângulo (associe isto à visao profética do Israel no olam habá e a Nova Yerushalaim!) representavam os diferentes aspectos da vida social e religiosa, cada uma com suas responsabilidades e funções específicas.
Essa organização (profética) demonstrava a interconexão entre as individualidades e a necessidade de união para alcançar o propósito de Hashem, enquanto nação. Cada tribo, com suas características espirituais únicas, era essencial para a construção de uma nação com matizes próprias, de uma mesma santidade.
Levitas como Proteção da Santidade
A presença dos levitas ao redor do Mishkan (Bamidbar 3:5-13) servia como uma zona de segurança espiritual, protegendo o perímetro do Mishkan, garantiam a santidade do local ao mesmo tempo que livrava da morte quem. Sem a devida santidade e pureza, pudesse desavisadamente ultrapassar os limites.
A disposição das tribos ao redor do Mishkan, reproduzia no plano horizontal o que aconteceu no plano vertical do Sinai: D'us acima do Monte Sinai, descendendo em níveis de santidade para os 70 anciãos, para os israelitas, e para as nações do mundo.
Os levitas guardavam as tribos e seus ocupantes de contaminação e morte. Eles, por sua vez, representavam a santidade máxima entre as tribos, sendo designados para cuidar do Mishkan e realizar os serviços sagrados.
Por que D’us disse?
8 Terão cuidado de todos os utensílios da tenda da congregação e cumprirão o seu dever para com os filhos de Israel, ao ministrar no Mishkan.
9 Darás, pois, os levitas a Arão e a seus filhos; dentre os filhos de Israel lhe são dados.
10 .., e o estranho que se aproximar morrerá.
As mortes de Uzá, Nadabe e Abiú (Números 3:4) servem como um lembrete da importância da santidade e da necessidade de respeitar os limites estabelecidospor Hashem. A tentativa precipitada de tocar na Arca da Aliança e dos irmãos em pegar um fogo estranho, resultou em suas mortes instantâneas.
A função de zona de segurança dos levita simboliza a proteção, estabelecimento de cerca para aqueles que se aproximam de D’us, para que se acheguem com santidade e reverência.
É um lembrete de que a santidade depende de consciência deste estado de separação de corpo e alma, sem impureza, e que os que se aproximan de Hashem, devem ter cuidado e aproximar conforme a sua Instrução (Torá). Por isso foi dito: Quem desvia os ouvidos de ouvir a Torá, até a sua oração é abominável.(Provérbios 28.9)
O Reino do Mashiach: Replicação Profética do Sinai
O Reino Milenar do Messias, profetizado em várias passagens bíblicas, apresenta uma replicação profética da situação do deserto em Bamidbar. De todas as nações, aqueles que se convertem a D'us, mediante o judaísmo (o sistema de interpretação que D'us estabeleceu atravez do seu povo, reino de sacerdotes e luz para as nações) esses estrangeiros (povos das nações) que se converterem, " que se unirem à Hashem, para o servirem, e para amarem o nome de Hashem, e para serem seus servos, todos os que guardam o shabat, não o profanando, enos que abraçarem a minha aliança" Is 56), serão integrados ao povo de D’us, sendo pois, concidadãos do Reino dos Céus, formando um só povo santo.
Assim como no êxodo do Egito, essa nova nação será composta por uma "mistura de povos", representando a universalidade da mensagem de Hashem e a inclusão de todos aqueles que desejam se conectar com Deus.
O censo realizado no Reino Milenar terá um significado semelhante ao de Bamidbar, integrando esses novos membros à comunidade santa e estabelecendo a ordem profética da nação redimida.
Deve-se lembrar aqui da resposta do Rabino Elazar quando respondia a questão: por que Israel foi disperso pelas nações? Ele disse: "Para que façam prosélitos" Tratado Megillah 17a.
Esta visão da dispersão pode ser vista como uma missão universal do povo judeu, incumbido de levar a mensagem da Torá para o mundo e inspirar as nações a adotarem seus princípios éticos descritos na Torá.
É a manifestação palpável da existência de D'us, pois a presença do povo judeu nas nações, serviu de testemunho incontornável, vivo, da fé judaica, evidenciando a sua Torá, seus valores e forma correta de se aproximar dEle.
Aliás, a palavra "diáspora" vem do grego antigo, do verbo "diaspeirein", que significa "espalhar sementes", "dispersar". Associe isto à razão do Rabino Elazar do propósito de fazer prosélitos, e de Yeshua que mandou propagar a mensagem da chegada do Messias para toda terra. E ainda, se a semente cair em solo fértil, florescerá.
Se você não quer viver uma religião, mas quer viver o propósito que Deus tem para sua vida, contate-nos. Temos interesse em seu retorno a D'us, e não a religião alguma.
Veja que Bamidbar oferece rico simbolismos e significados, revelando camadas profundas de compreensão sobre a natureza da individualidade, santidade coletiva e profecia. Através disso podemos identificar a desmaterialização individual em prol da santidade coletiva, a organização profética em torno do Mishkan, e o principal: que possamos nos aproximar de Hashem da forma certa. A Torá e sua interpretação dada pelos levitas.
BH!!
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