Mulher Sotah na Era Digital

 

O casamento, união sagrada entre duas almas, encontra-se hoje em dia sob constante ameaça pela onipresença das mídias sociais. A facilidade de conexão e a natureza instantânea da comunicação digital podem, por um lado, aproximar pessoas e fortalecer laços, e por outro, também podem criar um ambiente propício à instabilidade conjugal, alimentando ciúmes, discussões, inseguranças e conflitos. Aliás, no judiciário, avolumam-se os processos de divórcio motivados pela infidelidade por meios digitais. 

 A vida privada dos casais se torna um espetáculo nas redes sociais, com fotos, vídeos e declarações de amor!!

Essa exposição é que pode gerar comparações com outros casais, expectativas irreais e a sensação de que a vida do outro é sempre mais feliz. Além disso, pessoas, muitas vezes anônimas, interagem com troca de mensagens, flertes online, podendo caminhar para um relacionamento virtual. Assim, esses fatos, encriptados, como da mulher sotah, podem minar a confiança e a fidelidade dentro do casamento.

Vale lembrar que quanto mais tempo de celular na mão, mais a pessoa se integra aos valores dessa vida digital.

Portanto, é óbvio que  as redes sociais pode despertar ciúmes e inseguranças no parceiro que vê seu cônjuge recebendo e dando curtidas, fazendo comentários e interagindo,  online e ocultamente. 

Na parasha Naso: Mulher Sotah

A Torá, no livro de Bamidbar (Números), apresenta a regra da Mulher Sotah, uma mulher que,  após inúmeras advertências, inclusive com constituição  de testemunha formal para o ato de acusação (Sotah),  de adultério, essa mulher era apresentada ao kohen. O ritual de sotah determinava sua culpa ou inocência da mulher. Ela , beberia uma "água amarga" que a levaria à morte em caso de traição, ou benção, de fertilidade, se inocente. 

 No caso da mulher sotah, nao era para toda mulher, mas aquela que reiteradamente já vinha dando sinais de infidelidade. E se ela fosse pega com o homem, que seu marido já havia dito para não estar com ele,  então ela era levada ao Kohen. Ou seja, só se submeteria ao rito sotah se, após advertida informal e formalmente, ela voltasse a se trancar com um homem, em uma casa.

Torá se concentra na ação concreta da incerteza da traição. A determinação da punição ou benção não depende do kohen, pois o que determina é o  resultado do ritual, morte ou fertilidade espontânea. Só ela e Hashem sabem, se ocorreu ou não a traição. 

Os rabinos ajudam na construção  de cercas

Construir "cercas" ao redor das leis da Torá, é uma forma de evitar transgressão da Torá e fortalecer nossa conexão com D'us. Essas "cercas" são medidas (com base no conhecimento da fraqueza humana) de precaução que visam prevenir, ou mesmo, a possibilidade de cometer um pecado, servindo como um escudo protetor contra a transgressão.

O Rabino Yeshua, num contexto diferente do, da mulher sotah, alerta para o aspectos subjetivo, oculto, que apenas a própria pessoa sabe o que ela mesmo está a pensar e a desejar.

Em sua Torá, aborda a perspectiva de responsabilidade perante Hashem, ao se descobrir com pensamentos impróprios. 

Ao incluir os desejos do coração como um fator determinante para a transgressão, ele chama a atenção para a proclamação do Shema (reza diária se faz ao levantar, e ao dormir), que diz:

 e não seguireis após inclinações dos vossos corações e dos deleites dos vossos olhos, após os quais vós outros andais pecando. Para que vós possais lembrar, e cumprais todas as minhas ordenações e assim sejais santificados a D’us.

Segundo ele, "quem olhar para uma mulher com cobiça, já adulterou com ela em seu coração". Essa abordagem coloca ênfase na responsabilidade individual e na importância de cultivar pensamentos e ações puros dentro do casamento. Contudo, como ocorreu apenas na mente e no desejo da pessoa, ela tem condições de se arrepender, fazer Teshuvá e fortalecer o seu relacionamento com o cônjuge,  se for casado, ou, a sua pureza, se não for casado.  

A análise da instabilidade conjugal na era digital e regra da Mulher Sotah revela a necessidade de responsabilidade com D'us e com seu cônjuge, demonstrando que tanto na Era do Bronze quanto na Era Digital, o ser humano é  o mesmo, apenas se sofisticou os meios, mas a responsabilidade, de cada um para com o próximo e para com D'us,  é  a mesma.

BH!!

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