Zohar e Revelação (Apocalipse): conexão impensável

 


Zohar e Revelação, que conexão existe entre eles?

Aqui vamos fazer uma reflexão exploratória na filosofia judaica que acredito que possa colaborar para melhorar a compreensão e contribuir para nossa elevação e confiança em D’us.

Inicialmente, cabe marcar com amarelo que o Zohar, (Livro do Esplendor), escrito por Shimon bar Yochai e o livro Chazon (Revelação ou Apocalipse em grego) escrito por Yochanan (João), apresentam diversas semelhanças que são intrigantes que elencaremos para contextualização geral.

 Vamos explorar alguns desses pontos em comum:

Ambos eram judeus, nascidos na Galiléia, na região norte de Israel. As evidências sugerem que ambos nasceram durante a primeira metade do século I desta era, porém, os dados exatos do nascimento são incertos, estimando-se que Yochanan nasceu entre 6 e 10, e Shimon, entre 16 e 20 d.C. Dois gigantes do judaísmo saídos de Galileia! Que água se bebia ali? Eu não sei, mas, no Talmud, Yerushalmi (Shabbat 16:1), diz que:

"Os sábios da Galileia costumavam dizer: 'Estude a Torá e guarde os seus mandamentos, pois neles está a vida do mundo.'" 

Desta forma, Yochanan  e Shimon eram duas potências com conhecimentos místico e cabalista, com estilo de comunicação profundamente judaica e simbólica.

Antes de fazermos comparações entre estes dois gigantes, cabe destacar que Shimon bar Yochai é descrito como discípulo de Rav Akiva, que era nascido no ano 10 desta era.


Nesta abordagem exploratória, identificamos que:

Quanto às revelações permitidas por Hashem, ambos os livros narram visões e revelações de D’us recebidas por seus autores, a saber, no Zohar (Esplendor), a autoria é de Shimon bar Yochai, enquanto no Revelação, são direcionadas a Yochanan, um dos emissários de Yeshua.

Os dois possuem visões repletas de simbolismos e alegorias complexas, exigindo interpretação para desvendar seus significados proféticos e mensagens sobre o destino do povo judeu e da humanidade.

Os textos profetizam eventos cataclísmicos que marcam o fim dos tempos, culminando em uma batalha final entre o bem e o mal, sendo que no Zohar, essa batalha é travada com a simbologia das forças da luz e da escuridão, em que cada temente de Hashem  é uma vasilha, um vaso, um receptáculo da luz de Kadosh Baruchu, enquanto que, no livro de Revelação, o foco está na luta entre as forças de D’us e Hasatan, em que cada obediente à Torá é templo de Kadosh Baruchu. 

Apesar da previsão de destruição e caos, tanto o Zohar quanto o Revelação oferecem a promessa de redenção (salvação) para aqueles que permanecem fiéis a D’us e a sua Torá (instrução).

As obras profetizam sobre o estabelecimento de uma nova era de paz e justiça, após a superação dos conflitos e tribulações do presente estágio da redenção.

Ambos os textos apresentam figuras messiânicas que trará redenção para a humanidade. Tanto no Zohar, quanto no Revelação. Esse messias é o Mashiach ben David, que, para Yochanan, esse messias, na função do Rei David, é Yeshua, que retorna para a redenção final e estabelecer o Reino de D’us na Terra, que, nas palavras de Yeshua, é o 'Reino dos Céus'.

 Tanto o Zohar quanto o Revelação são considerados textos sagrados e exercem grande influência na interpretação e na espiritualidade no judaísmo.

Temos que admitir que esses dois livros são fontes de interpretações e descaminhos. Ambas obras são alvo de diversas interpretações e estudos, com diferentes correntes de pensamento buscando desvendar seus mistérios e aplicá-los, uns, mediante estudo sistêmico calcado na Tanach e cultura judaica, e outros à luz dos interesses religiosos, como cristianismos ou da cabala não judaica, em que se busca adeptos, vender cursos, fazer negócios, ser celebridade  ...

Os símbolos e mensagens presentes nas obras devem ser interpretados exclusivamente com ferramentas judaicas de interpretação, jamais utilizando de filosofias humanas como os filósofos gregos, os cristãos ou da filosofia oriental. A transcendência do conteúdo dessas obras se concentram nas fontes judaicas, a saber, seus sábios, na Mishná, na história judaica, que, sem estes fundamentos, cada intérprete, poderia chegar a conclusão que quisesse, pois  as outras culturas possuem barreiras culturais e religiosas que limitam o entendimento.

No que pese esta abordagem judaica de Yochanan e do livro de Revelação, não se quer dizer que esta abordagem seja uma unanimidade no meio judaico. 

As obras possuem muito mais elementos e fundamentos que as unem,  que pontos de entendimento que as extremem ou excluam. O Zohar e o Revelação são abordagens esotéricas ou fenomenológicas que, por suas respectivas visões, complementam-se para compreensão dos nexos proféticos e históricos, nas perspectivas sobre o fim dos tempos.

Pretendo, ainda, aprofundar nesta investigação, pois, como dito acima, esta reflexão se caracteriza como um estudo exploratório, não pretendendo apresentar conclusões definitivas ou gozar de unanimidade de pensamento.

 O objetivo é despertar no leitor o interesse na reflexão e análise desses dois grandes livros da literatura judaica de grande e imensurável importância, buscando identificar as conexões que surgem entre eles, e perceber que se interpretados a luz da Biblia judaica, do Talmud e dos textos acadêmicos, poderemos ter uma compreensão ainda mais profunda para estes dias, ou para o milênio do Mashiach.

BH !!


Comentários

Postagens mais visitadas