A Bússola da Torá num Mundo Liquido e Relativo
Num mundo de relativização de valores e padrões culturais, como podemos alcançar uma vida segundo os valores de D'us escritos na Torá?
Aqui pretendemos apenas dar um ponto de partida para podermos nos elevarmos de forma judaica, sem influência de conceitos, costumes e práticas cristãs ou islâmicas.
Primeiramente exige humildade para desconstruir todas as ideologias de outras religiões e equilíbrio delicado entre estudo, e prática da Torá. Aqui estão alguns princípios que podem te auxiliar nessa jornada.
O Estudo humilde da Torá no sentido de se dedicar diariamente e conscientemente no estudo da Torá com uma mente aberta e disposta a aprender, com fundamento nas explicações dos nossos sábios e no Talmud.
À medida que avança, evite a arrogância intelectual, e reconheça que sempre há mais a ser desvendado no conhecimento da Torá, e não caia na esparrela de querer julgar os sábios, naquilo que você discorda, porque você não alcançou o nivel dele, para compreendê-lo. Lembre-se, os midarashim, nem sempre são literais, muitas vezes são simbólicos (midrash, vem da palavra drash, que é o terceiro nível de interpretação, a simbólica).
Assim, tenha sempre em mente que cada letra da Torá foi projetada por Hashem, e com isso, não se limite à mera acumulação de conhecimento. Busque compreender o texto com as histórias, princípios e leis da Torá no contexto de sua epoca e com cautela o que se pode aplicar em sua vida cotidiana, guiando-o suas ações e decisões.
Excelente maneira é fazer esse estudo seguindo a bússola do tempo da humanidade: a parashá da semana.
O estudo da Torá é transcendente e empolgante, portanto, mantenha a humildade e atenção ao desfrutar da Torá.
Veja o que dizem nossos sábios de abençoada memória (Chazal) sobre isto:
Pirkei Avot 1:6: "Se você adquirir muito conhecimento, sem sabedoria, o que você ganha? E se você negligenciar o conhecimento, o que você perde?"
Essa mishná reforça a importância do estudo (conhecimento) da Torá combinado com exercício prático do aprendido, isso gera (sabedoria) emuná (experiência e confiança na 'Palavra' de Hashem - fé). Ressalta Chazal que a mera acumulação de conhecimento sem aplicação é infrutífera o estudo.
Talmud Bavli, Berachot 5a: "Quando um estudioso se orgulha de seu conhecimento, a Torá o abandona."
O conhecimento deve ser um instrumento de elevação espiritual e não de vaidade.
Colocar em prática os princípios e mandamentos da Torá é um exercício pessoal que demanda, no início, atenção e exige prudência e conhecimento. O judaismo é uma espécie de matemática que 2x2 o resultado poderá ser qualquer número e será sempre 4!!! O que quero dizer com isso, é que a pedagogia de Hashem utiliza para com cada alma é única para sua restauração. Diz-se de Isaac Lúria que encontrou com um amigo de infância. Ele estava em uma carroça precária e seu amigo numa luxuosa. Na conversa entre eles, Luria disse que dedicou-se a estudar a Torá e seus mistérios, e o outro disse que se dedicou-se aos negócios, e foi bem sucedido. Nesta história, Lúria sabe a riqueza que acumulou para o olam haba (mundo vindouro) e sabe o caminho da vida, o outro, sobe em seu patrimônio (material) para ter significado a vida. Como disse o Rav. Shaul "Se vivemos pelo Espírito, andemos também pelo Espírito".
O conhecimento da Torá tem que ser gradativo e consistente. Não tenha pressa em devorar conhecimento. Concentre-se em praticar com perfeição cada mitzvá (mandamento) que aprender.
Veja o que diz Kli Yakar, sobre a morte dos dois filhos de Aarão:
Na sua proximidade com Hashem, pois eles eram extremamente próximos de HaShem. É por isso que HaShem foi exato com eles e os julgou até mesmo por uma leve indiscrição, como diz (Tehilim 50:3): "E ao redor Dele há tempestades furiosas (grande tormenta)". Quanto mais próximo se está do Rei, mais cuidado se deve ter com a honra do Rei.
Aqui, Kli Yakar, com marca-texto amarelo nos adverte, o que foi claramente exposto pelo Mashiach diz que, aquele que "não conhece e faz coisas merecedoras de castigo receberá poucos açoites. A quem muito foi dado, muito será exigido; a quem muito foi confiado, muito mais será pedido". Isto explicita a frase Quanto mais próximo se está do Rei, mais cuidado se deve ter com a honra do Rei.
Por outro pado, se o conhecimento não é aplicado com entendimento, propósito e no tempo apropriado, corre-se o risco de desenvolver religiosidade, e nisto o cumprimento mecânico das mitsvot (mandamentos), cujo cumprimento é relaxado (não se atem aos horarios e às datas certas, tudo pode ser feito 'mais ou menos' desde que cumpra a mitzvá. Um fato é entender o significado e a intenção por trás de cada preceito, infundindo suas ações com fé e devoção, outro é ter foco no mero cumprimento de mitzvot, para desencanto de consciência religiosa.
Comece com pequenos passos e objetivos alcançáveis, graduamente expandindo sua prática e compromisso com a vida judaica. Comece com o shabat.
Não se esqueça de ser humildade, reconheça que ninguém é perfeito. Evite comparsr sua vida "espiritu" com de outros. Não julgar ou menospreze os outros, se está cumprindo (na sua visão) a Torá e o crescimento espiritual de terceiros.
Voltando a sua relação com Hashem, dedique tempo ao estudo da Torá, mas não negligencie a prática daa mitzvot, pratica de caridade e o envolvimento com a comunidade judaica, se tiver.
Por que devo estudar a Torá?
Por amor a D'us e pelo desejo de se aproximar d'Ele, não por vaidade intelectual ou busca para ganhar like, reconhecimento ou qualquer outra motivação. O relacionamento é entre você e Hashem. Ele que é o alvo dos nossos serviços diários.
Lembre-se: fomos libertos da escravidão para sermos servos de Hashem, nosso redentor. Portanto, a busca por uma vida santa é um caminho individual e único.
BH
Comentários
Postar um comentário