Status e ostentação

 


A expressão idolatria é a tentativa de expressar o conceito judaico de 'avodá zará' "עבודה זרח".

A 'Avodá Zará' é considerada uma das transgressões mais graves da Torá. Conforme o Talmud, a idolatria se caracteriza pela prática de inspiração em ídolos ou divindades, forças espirituais que nao procede de Hashem, ou seja, estranhas. 

O Talmud descreve em detalhes as práticas e proibições relacionadas à idolatria, incluindo a proibição de fazer oferendas a ídolos, participar de rituais em obediência ou memória dessas forças, ídolos, e até mesmo possuir ídolos para ilusão (Tratado Avodah Zarah )

A Torá enfatiza a importância de adorar somente Hashem, e proíbe veementemente qualquer forma de idolatria.

Deuteronômio 5:7-9: "Não terá outros deuses diante de mim. Não farás para ti imagem esculpida, nem figura alguma do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não te encurvarás diante delas, nem como servirás; porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visita a iniquidade dos pais nos filhos, até à terceira e quarta geração daqueles que me odeiam."

Portanto, conforme o Talmud e a Torá, é essencial que todos bnei noach (todas as nações do mundo) e judeus, que se abstenham de qualquer forma de idolatria e dediquem seu serviço e devoção exclusivamente ao Eterno, o Deus de Israel.

Na tradição judaica, o bezerro de ouro é um símbolo de idolatria e materialismo. Assim como o povo de Israel pecou ao adorar o bezerro de ouro em vez de se voltar para D'us, praticaram atos de reconhecimento a um bezerro de ouro, atribuindo a ele as mesmas características do que D'us havia feito: tirado da terra do Egito.

Hoje em dia existem ídolos clássicos, principalmente nas festas juninas, para estas formas não precisamos gastar tempo, por ser autoexplicativo.


Contudo, o conceito de Avodá Zará vai mais profundo na dissimulada vida moderna.

Na sociedade atual, em todas as religiões (que deveriam ser guardiães da ética mais pura), o dinheiro se torna um ídolo que é adorado e buscado acima de tudo, como referência de aprovação de Deus, afinal, para eles ser abençoado é igual a ser próspero.

Vamos, o dinheiro em si não é intrinsecamente ruim, mas quando se torna o foco principal de nossas vidas, seja para alcançar melhor qualidade de vida ou para ostentar, passando assim a ser meta de vida; razão de vida, fonte de nossa felicidade e segurança, aí passou a linha vermelha. 

Porkei Avot diz:

4:1: “Não seja escravo dos teus bens.” 

6:4: "Aquele que ama o dinheiro nunca se saciará."

Talmud Babilônico, Baba Metzia 42a: "O dinheiro é como um escorpião: se você o pegar com cuidado, ele pode te ajudar; se você o pegar a descoberto, ele pode te picar."


Como posso saber se sou dominado pelo dinheiro?

Se o dinheiro ocupa um lugar central em sua vida; se é ele que te passa a confiança, como fonte de segurança, felicidade e realização, em vez de confiar em D'us, se tornou um ídolo ou um deus para você. 

Outro raciocínio: Por que você tem ou planeja ter um ou dois filhos? Existem muitas justificativas para responder como dar melhor educação para meus filhos...; a vida está difícil, para ter mais de um ou dois..., etc. 

Mas na realidade, essas são justificativas, pois é que você confia no dinheiro que te irá sustentar; na força do teu braço que trará o sustento e não em D'us.

 Num estudo feito por Christopher J. Ruhm (2022) ele intitulou "O efeito catraca da renda sobre os gastos". A conclusão da pesquisa deu que o aumento da renda leva a um aumento nos gastos, não gerando acúmulo de capital.

Portanto, quanto mais ganha, mais se gasta com artigos de prazer: mais restaurante, roupas de marca, troca de casa, construção de piscina, troca de carro, etc. E os filhos... nada.


Pense nisto: a maioria das pessoas prefere gastar até 40% do seu salário para comprar um carro, mas tem dificuldade de usar os 10% do seu maasser para entregar à caridade, à sua comunidade ou a um projeto de repercussão social. (Lembrando que esses 10% nem são seus!!!)

Por outro lado, o dinheiro pode se tornar um ídolo é quando estamos comprometidos em relativizar nossos valores e princípios éticos para conseguí-lo, por exemplo, se uma pessoa está disposta a enganar, trapacear ou capacitar os outros para ganhar mais dinheiro, isso pode ser um sinal de que o dinheiro se tornou um ídolo em sua vida.

Além disso, se dedicamos a maior parte de nosso tempo, energia e pensamentos à busca do dinheiro, em detrimento de nossa conexão com D'us, com nossa família, com nossa comunidade e com o bem-estar dos outros, também isso pode indicar que o dinheiro se tornou um ídolo em sua vida.

Para saber se o dinheiro se tornou um ídolo em nossa vida, é importante refletir honestamente sobre nossas motivações, prioridades e a maneira como usamos nossos recursos.


Assim. Se você percebeu que está colocando o dinheiro acima de tudo e que ele está te afastando de uma vida de retidão ou de conexão com D'us, é hora de reavaliar suas escolhas e buscar um equilíbrio saudável em relação ao dinheiro.

BH

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