Amida comunitária: o poder da oração

 


O povo de D‘us, a saber, aquele que obedece aos seus mandamentos, se que se reúne de shabat em shabat, de uma à outras festas, para prestar o seu serviço de adoração à Hashem, o faz com base em princípios e objetivos, e não meramente em rituais, vazios ou mecânicos.

Assim como o centro de atenção de Hashem no mundo é Israel, e em Israel, Jerusalém e nesta, o local do templo, o Monte Moriá, assim tambem, nos serviços que se presta a D‘us existe as mesmas proporcionalidades de atenção.

Mas existe ordem e objetivos nesses serviços que estão na Torá e que são praticados, alguns de tempos imemoriais e outros desde a saída do cativeiro da Babilônia (ano 3338 no calendário hebraico ou ano 538 a.C.).

Nos serviços de Shacharit (oração matinal), mincha (vespertino) e arvit (noturno), existem vários objetivos importantes consoante a tradição judaica baseada na Torá.

Esses ser viços na sinagoga possuem dimensões multifacetada em princípios na Torá e na tradição judaica. Quando você obedece a Torá e vai aos serviços, estará praticando várias camadas de mandamentos individuais e coletivos ao mesmo tempo, veja:

A palavra מועד "moed" na tradição judaica tem várias dimensões de significado. A palavra "מועד" é derivada da raiz hebraica "עד" (ad), que significa "encontro" ou "assembleia". Na Torá, a palavra "מועד" moed é frequentemente usada para se referir aos festivais designados por D’us, como Pessach, Shavuot e Sucot, 


Assim, moed significa ao mesmo tempo quatro dimensões:

Encontro com Hashem, porque o termo "מועד" implica em um encontro especial entre D’us com o seu povo (shabat e demais festivais).

Tempo Designado, pois o termo "מועד" também se refere a um tempo designado por Deus para festas de festivais (marcação de rituais, orações e práticas específicas);

Assembleia Comunitária, pois moed também implica em uma assembleia comunitária (mandamento de celebração em comunidade).

Testemunho Público, pois ao observar os tempos designados e participar das assembleias comunitárias, testemunhamos publicamente nossa vida e compromisso com Hashem, da Torá.

Como se vê, as dimensões de uma prática têm repercussões múltiplas na terra dos viventes e no mundo espiritual. Por isso, está na Torá: Então Moshé pegou o Livro do Pacto e o leu para o povo, e eles responderam: “Faremos e ouviremos [naassê vê nishmá] tudo que o Eterno disse.” {Shemot 24:7). Ou seja, faremos e depois entenderemos.

Outra dimensão que só ocorre coletivamente Minián (Quórum): Na oração, por exemplo, de Shacharit na sinagoga requer um minián, (quórum de pelo menos dez homens judeus adultos). O minián é de extrema importância, pois é considerado um grupo representativo do povo judeu como um [1]. A existência do Minián qualifica nossas orações segundo um padrão D'us. No tratado Berachot 8a, afirma que "quando dez pessoas se reúnem para orar, a Presença Divina repousa sobre elas".

Além disso, o Minián também promove a unidade e a solidariedade entre os membros da comunidade judaica, além de fortalecer nossos laços e apoio mútuo em nossa caminhada espiritual.

Participar dos serviços na sinagoga, cumprimos várias mitzvot (mandamentos), significando nossa obediência à vontade e D'us.

Nos serviços, na sinagoga, temos a oportunidade de estudar a Torá e repercutirmos, coletivamente, sobre seus ensinamentos. Durante o serviço, recitamos várias passagens das Escrituras Sagradas, proclamamos o Shemá Israel, Amidá e outras bênçãos.

Mas qual o principal ponto desses serviços?

Nos serviços de shacharit, minchá, arvit e em todas as festas (moedim), o ponto central delas ou, em outras palavras, o principal ato dessas reuniões é a proclamação-reconhecimento do Shemá, e a AMIDÁ, também conhecida como Shemoneh Esrei.

O requisito principal no serviço é o seu coração, seu estado de concentração. Este é um elemento essencial durante os serviços de oração, pois a adoração é pessoal. A Torá nos ensina claramente a "servir a D'us com todo o nosso coração" (Deverim 11:13), o que implica em nos envolvermos plenamente e com devoção durante a oração, expressando nossos pensamentos, sentimentos e intenções de maneira sincera.

Em Berachot 32b, no Talmud, tem esta discussão:

Rabino Elazar disse: A Amidah é o fundamento do serviço de Shacharit.

Rabino Yehoshua disse: A leitura da Torá é o fundamento do serviço de Shacharit.

Rabino Elazar respondeu: A leitura da Torá é o fundamento do serviço de Shacharit, mas a Amidah é o alicerce.

Chazal conclui que a Torá é fundamental, mas enquanto prece, a Amidá é a oração central dos serviços.

 A Amidá possui dezoito bênçãos recitadas de pé, em QUE, CADA PESSOA, concentrada no texto, declara perante os céus, com leve sussurrar dos lábios as orações, e é este ato (estar de pé com atenção concentrada diante de Hashem) QUE É CONCIDERADO A PARTE MAIS IMPORTANTE EM TODOS OS SERVIÇOS.

Em todas as linhas o judaísmo é assim ou é diferente em alguma outra?

Na tradição reformista, messiânica e nazarena do judaísmo, usam a prática da Amidá, com minián, contudo, conforme a comunidade pode existir alteração de uma ou outra expressão na Amidá tradicional, para ser mais inclusiva, como o texto tradicional, em algumas comunidades reformistas, a parte: “que não me fez mulher”, substituía por “que nos fez igual”.

A Amidá em minián é o poder da oração como uma das ferramentas mais poderosas que temos para nos conectar com D'us. Veja os efeitos práticos de fazer Amidá com minián:

Ajuda a fortalecer nossa fé: Quando enfrentamos desafios, dificuldades ou incertezas, a oração nos permite confiar em D'us e buscar Sua orientação. 

A oração conduz reparação e danos e perdão: Quando cometemos erros ou pecados, a oração nos permite reconciliação (nos impulsiona à reparação com o próximo) e busca do perdão de D'us. É um novo começar.

A oração nos ajuda a expressar gratidão; conforto e consolo; busca de orientação; nos ajuda a fortalecer nossa conexão com D'us e com minha comunidade; e assim, temos a associação de forças e energias, com as quais D’us opera no mundo espiritual, e como consequência no físico. 

Efeitos orgânicos: foi demonstrado cientificamente que nosso cérebro tem maior irrigação sanguínea, por estímulo da glândula pineal (sobre este assunto O cerebro e a alma; ciência por trás da busca e propósito); traz cura emocional; desbloqueia glândulas trazendo saúde, etc. etc.

Em síntese o pré-requisito é o coração (condição a vasilha – kabalá) para que possa prestar com integridade e intensidade de coração a sua Amidá, em todos os serviços, tanto os que são de casa, como, o aqui abordado, os serviços comunitários, com minián, na sinagoga.

Viva esta experiência!!!


BH






[1] Tratado Berachot: O tratado Berachot é um dos primeiros tratados do Talmud e aborda principalmente as brachot (benções) e as orações. Neste tratado, trás a importância do minián e as condições para a sua formação.




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