Por que orar voltados para Yerushalaim?

Por que fazer as orações voltados para o local (hamakon) onde era o templo em Yerushalaim?



Na Tanach, encontramos várias passagens que falam sobre a importância do Templo e a promessa de Deus de ouvir as orações feitas ali. Um exemplo disso está em 1 Reis 9:3, onde Deus aparece a Salomão após a conclusão do Templo e diz: "Ouvi a tua oração e a tua súplica que fizeste perante mim; santifiquei esta casa que edificaste, para pôr ali o meu nome para sempre; e os meus olhos e o meu coração estarão todos os dias".

Essa prática passou a ser exercitada no exílio, logo após a destruição do primeiro templo.

No livro de Daniel (6.11), é mencionado que Daniel costumava orar três vezes ao dia voltado para Jerusalém. Embora eu não tenha encontrado uma explicação detalhada sobre essa prática, presume-se que os judeus exilados na Babilônia eram orientados pelos líderes da época, kohanim, a manter o estudo da Torá e orar nos momentos dos korbanot, nos mesmos horários de quando o templo estava de pé. Isso tem ligação com a Amidá que posteriormente será instituída pela Grande Assembleia, quando do retorno a Israel. Essa prática de estudos e orações 3 vezes por dia foi a forma de manter a judaicidade e a conexão com Hashem, ativas, nos 70 anos de exílio da Babilônia.

A prática de rezar voltados para Jerusalém nas sinagogas hoje em dia, é baseada nessa tradição de vinte e cinco séculos! 

No Tratado Berachot 30a, menciona que os judeus da Babilônia costumavam orar voltados para Jerusalém.

A Amidá (Shemonê Esrei) foi instituída pelos Sábios da Grande Assembleia (Anshei Knesset HaGedolá) no início do período do Segundo Templo, por volta do século V aC.

Essa assembleia foi liderada por Ezra, o escriba, e incluiu outros líderes da época.

A Amidá foi organizada como uma série de dezoito brachot que abrange uma variedade de temas que envolve necessidades pessoais e coletivas, declarações essenciais, agradecimentos, pedido de redenção de Israel.

 No Tratado Berachot 26b, discute a importância da Amidá e a elevação espiritual que ela proporciona. Ele afirma que, ao recitar a Amidá, uma pessoa deve imaginar-se diante do trono de Deus, em profunda reverência e concentração, elevando sua mente e coração para se conectar com Hashem.

No período do Segundo Templo, as pessoas foram até o pátio do Templo para acompanhar a Amidá. No entanto, apenas os Kohanim, tinham permissão para recitar a Amidá dentro do Templo. 

O pátio do Templo era um local de encontro para a oração coletiva, onde as pessoas se reuniam para se conectar com Hashem e acompanhar a Amida e demais orações recitada pelos kohanim.

Existem registros destas participações com Flávio Josefo e também nos Escritos Nazarenos: Lucas 24:53: "Eles voltaram a Jerusalém com grande alegria e passaram o tempo no templo, louvando a Deus."

Atos 2:46: "Diariamente, eles se reuniam no templo ao amanhecer e participavam das orações."

Após a destruição do Segundo Templo, a prática da Amidá contínua, mas agora, é recitada individualmente em casa e também nas sinagogas e Yeshivot (academias de estudo).

A forma e a intenção não mudou, a saber: buscar a presença de Hashem em oração e estudo da Torá, de todo coração e voltados para Yerushalaim, já o inverso não é verdadeiro, voltar-se para Yerushalaim como algo mágico, e a oração ser feita como uma tradição.

O importante é: "Se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face, e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra”. Essa passagem mostra que Deus promete ouvir as orações do Seu povo quando eles voltarem para Ele e não para Templo em Yerushalaim.

Portanto, embora a promessa de D'us de ouvir as orações feitas no Templo seja significativa no Tanach, entende-se que a condição não exclui a forma, a saber, sem o Templo físico, podemos nos conectar com D'us através da oração e do arrependimento sincero, e voltados para Yerushalaim.

BH!!


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