O cérebro e a alma: a ciência por trás da busca de propósito
O cérebro e a alma: a
ciência por trás da busca de propósito
Esta é uma reflexão despretensiosa
sobre a alma, sua posição no corpo humano e a neurociência.
Na visão de Rambam (Maimônides) sobre
‘a alma’, encontrada em "Guia dos Perplexos" (Moreh Nevuchim),
descreve a alma como sendo a "forma" do corpo. Ele acredita que a
alma é a essência que anima o corpo e permite que ele funcione. Para ele, a
alma é imaterial e eterna, e sua existência continua após a morte do corpo.
Rashi (Rabbi Shlomo Yitzchaki) define
a alma como a "centelha divina" que D'us coloca em cada ser humano.
Ele acredita que a alma é uma parte de D'us que habita dentro de nós e nos
conecta à Hashem. Rashi enfatiza a importância de nutrir e desenvolver essa
centelha divina através do estudo da Torá e da prática dos mandamentos.
Ramchal (Rabbi Moshe Chaim Luzzatto)
conhecido por sua obra "Mesilat Yesharim" (O Caminho dos Justos)
descreve a alma como sendo composta de diferentes facetas ou partes. Ele
acredita que a alma possui uma parte intelectual, uma parte emocional e uma
parte instintiva. Cada parte desempenha um papel único na experiência humana e
na busca da conexão com D'us.
Na tradição judaica, a alma é considerada a parte eterna e espiritual do ser humano[1]. Embora não haja uma divisão específica da alma em partes distintas com nomes específicos, propala-se que a alma possui diferentes características e/ou níveis de consciência. A saber:
Nefesh: É a parte mais básica da alma, associada à vitalidade e às necessidades físicas. É uma alma que nos conecta ao mundo material e nos impulsiona a buscar prazer, sobrevivência e satisfação física.
Ruach: É a parte da alma associada às emoções, ao intelecto e à capacidade de tomar decisões. É a alma que nos permite expressar nossos sentimentos, pensar racionalmente e tomar decisões com base na moralidade e na ética; e por fim;
A neshamá: É a parte mais elevada da alma, associada à conexão com D'us e à busca de significado e propósito espiritual. É a alma que nos permite ter uma consciência mais profunda, buscar a sabedoria espiritual e conectar-nos com Hashem.
Deduzo, por estes conceitos, que esses
diferentes aspectos da alma trabalham juntos para formar nossa personalidade
espiritual, que por ter seu espaço de ocorrência dentro de nossa cabeça
(cérebro) irá influenciar nossas ações e escolhas na vida. Em outras palavras,
esses três sistemas quântico-axiológicos, é como um sistema de software que
combinam valores e se autoinfluenciam, entre balanço e desequilíbrio, que gerará
as nossas ações, e por consequência, irá se expor os nossos valores, ou em fala
simbólica, pelo fruto se conhece a árvore, pelas ações pode sinalizar o
caráter.
Quanto ao espírito, na tradição
judaica, ele é frequentemente associado à força vital que anima o corpo durante
a vida. Embora não haja uma divisão específica do espírito em partes distintas,
entende-se que nele abrange a alma na conexão com o corpo.
O espírito é uma energia vital que nos
permite estar conscientes, respirar, mover-nos e interagir com o mundo ao nosso
redor. É a força que nos mantém vivos e ativos durante nossa existência
terrena.
Embora a alma e o espírito sejam
conceitos interligados, onde a alma é considerada a nossa identidade
propriamente dita, que habita em um corpo, ela, a alma é a parte eterna e
espiritual do ser humano.
Corpo e alma desempenham papéis
essenciais em nossa existência, em que uma influência o outro e os mundos (cabalá
judaica) e, também, na nossa conexão com D'us.
O assunto é profundo, contudo,
gostaria de associar estes conceitos aos que a ciência já divulgou e que é de
domínio público ensinado em biologia e neurociência. Então, me exponho, sem
domínio da matéria, a associar os conhecimentos para, de alguma forma,
reflexionar, unindo os conhecimentos judaicos aos científicos.
O ponto de partida é: qual a área do cérebro encarregada das características da nefesh (associada à vitalidade e às necessidades físicas); do ruach associada à capacidade de tomar decisões que nos permite expressar nossos sentimentos, pensar racionalmente e tomar decisões com base na moralidade e na ética); e, da neshamá (associada à conexão com D'us e à busca de significado e propósito espiritual).
Assim, encontrei as seguintes
respostas, que são interessantes:
A área do cérebro responsável
por (nefesh), ou seja, por nos conectar ao mundo material e nos
impulsionar a buscar prazer, sobrevivência e satisfação física, é o sistema
límbico. O sistema límbico desempenha um papel crucial no processamento das
emoções, na motivação e no comportamento relacionado à recompensa. Ele está
envolvido na regulação de funções como a fome, a sede, o desejo sexual e outras
formas de busca por prazer e satisfação física.
A outra área do cérebro
responsável por (ruach), ou seja, da capacidade de tomar decisões que
nos permite expressar nossos sentimentos, pensar racionalmente e tomar decisões
com base na moralidade e na ética, está localizada no córtex pré-frontal. Essa
região desempenha um papel fundamental no controle executivo, na tomada de
decisões, no processamento emocional e na regulação do comportamento social.
Ela nos permite expressar nossos sentimentos, pensar racionalmente e tomar
decisões com base na moralidade e na ética.
A área do cérebro
responsável por (neshamá), ou seja, da busca de significado e
propósito espiritual, está associada a atividades cerebrais mais amplas e
complexas, que podem envolver várias áreas do cérebro. Algumas pesquisas sugerem
que a glândula pineal, localizada no centro do cérebro, pode ter um papel
importante na regulação dos estados de consciência e experiências espirituais.
A atividade cerebral associada a experiências espirituais e religiosas pode,
também, estar relacionada ao córtex pré-frontal, à amígdala e a outras áreas
associadas ao processamento emocional e à reflexão sobre o eu e o mundo ao
redor.
Muitas conclusões poderíamos sacar
desta reflexão, porém uma é inevitável. Todas as nossas manifestações cerebrais
(reações físico-químicas) de prazer, tristeza, garra ou apatia, crueldade e
bondade, não são fruto do acaso. É muita perfeição para ser gerado pelo caos ou
por ‘leis preexistentes’ que fizeram esse sistema funcionar de forma
incrivelmente perfeita. Assim, a neurociência é uma área de estudo em constante
evolução e a cada tempo traz novidades incríveis do complexo funcionamento
desse cérebro criado por Hashem.
As áreas cerebrais de avaliação e
comando servem de nexo lógico (e centelha de oportunidade para reconhecer a
D’us) para compreender que a realidade espiritual é tão complexa como um
cérebro.
Espero ter contribuído para a
compreensão que a obra de Hashem é de uma sofisticação quântica!! Nossa alma em
níveis de espírito mesclam com nosso corpo, unindo o imaterial e o material,
num sistema de influências reciprocas, cuja regra para equilíbrio, restauração,
reparação física, emocional e espiritual, é a Torá. Se praticamos a Torá, na
forma (obediência literal), consciência (kavaná) e sentido (amar ao próximo), faremos
o ticum deste mundo.
BH!!
[1] MILER,
Moshe. A Alma Natural: Uma Pequena Centelha da Divindade se Reveste em uma Alma
Extremamente Etérea. Encontrado em:
https://mortesubita.net/cabala/a-alma-natural-uma-pequena-centelha-da-divindade-se-reveste-em-uma-alma-extremamente-eterea/
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