Kabalá?! 7º dia de Sucot e a criação de um novo mundo


 
7º dia de Sucot e a criação de um novo mundo

 

        Com o 7º dia de Sucot, conclui-se um ciclo e cria-se um novo mundo!

 O mundo que se criou, após Sucot do ano passado, foi avaliado, pesado e julgado desde 1° tishrei deste ano, como diz no Talmud Babilônico, no tratado de Sucá 48a, o sétimo dia de Sucot é o dia em que "os julgamentos são selados".

 Mas como se dá essa avaliação? Quais os elementos que Hashem utiliza para formar seu juízo? E os gentios que desconhecem ou que não tem pacto com Hashem, em que contribuem para esse julgamento e nova criação? E os méritos dos tzadikim, em que contribuem?

 Para novo ciclo (5783) que começa agora, após Sucot, o resultado do balanço geral das almas no ciclo findante(5782), temos um novo mundo criado com a influência do, passado e a possibilidade futura de teshuva.

 Dois elementos nessa equação são combinados e avaliados: a ação do povo de Hashem que conhece a Torá e vive por ela, e a dos povos das nações, gentios.

 

Ações do povo de Deus

De acordo com a tradição judaica, existem três coisas que sustentam o mundo (que são exercitadas conscientemente por seu povo) e são praticadas na vida diária com naturalidade e consciência. Estas práticas, então, são avaliadas durante o período que vai de Rosh Hashaná até Sucot, conhecido como os "Dias de Julgamento", a saber, Hashem observa os seguintes parâmetros:

Teshuvá (Arrependimento): Se, durante o ano que se passou, os momentos em que erramos, descumprindo as instruções de Deus, fizemos Teshuvá? Durante das festas de outono (Rosh Hashana, Yom Kipur e Sucot) somos compelidos a refletir sobre nossas ações desse ano findante e buscar a reconciliação com Deus e com nossos semelhantes, e com isso nos elevamos e contribuímos para a criação de um mundo melhor. A Teshuvá envolve reconhecer nossos erros, sentir arrependimento genuíno, confessar nossas transgressões e fazer uma mudança positiva em nossas vidas. É um processo de decisão consciente (e não religioso) de retorno ao caminho correto, as instruções da Torá.

Tefilá (Oração): A oração é uma forma de nos conectarmos com Deus e expressarmos nossas necessidades, gratidão e louvor. Durante o ano e nesses dias de julgamento, somos incentivados a intensificar nossas orações, buscando uma conexão mais profunda com o Divino. Através da oração, podemos buscar perdão, pedir orientação e fortalecer nossa relação com Deus.

Tzedaká (Caridade): A Tzedaká, ou atos de caridade, é uma parte essencial da vida judaica. Durante o ano que se finda, são avaliados os atos de bondade, humanidade, generosidade, em que você dedicou um pouco do seu tempo, intelecto, recurso e atenção aos necessitados. Durante as festas de outono, em especial, cada um de nós fazemos um balanço e aproveitamos a oportunidade para aumentar, nestes dias, os atos de generosidade, doações, ajudar aqueles que estão em necessidade.

 

Portanto, o povo de Deus, fazendo Teshuvá, Tefilá e Tzedaká, que são consideradas fundamentais para o novo ciclo de vida do mundo (criação do novo mundo), contribuem definitivamente para criação de um novo ano com melhor conexão com Deus, e contribuição com o seu ticum.

 

AÇÕES DA SOCIEDADE EM GERAL (os estrangeiros, não-judeus ou gentios)

Em Yom Teruá (Rosh hashana) lemos o livro de Jonas. Por que a mensagem de trazer teshuva aos ninivitas? Teshuvá? Fazer retorno a que? Eles eram gentios!

Para um novo ano (criação de um novo mundo), os fundamentos para maior ou menor severidade ou hessed, de acordo com a tradição judaica, ocorre, como dito, após Sucot desse ano. Assim, durante os “Dias de Julgamento”, Hashem revisa diversos aspectos de nossas vidas e de todas as almas para determinar a medida de severidade ou misericórdia que a humanidade receberá no próximo ano.

Entre os fundamentos revisados, incluem ações e comportamentos praticados ao longo do ano passado. Para os gentios, Ele observa se seguem os mandamentos da Torá aplicáveis à humanidade, por exemplo: se age com justiça, se filhos respeitam os pais, se se busca fazer o bem em todas as áreas da vida, se afastam da idolatria, etc.

Se a sociedade se arrepende sinceramente e busca melhorar, alterar sua legislação para seguir o padrão da Torá poderá receber a misericórdia e graça!

A leitura do livro de Jonas durante Rosh Hashaná tem uma relação profunda com o julgamento do mundo dos estrangeiros para o próximo ano.

O livro de Jonas contém a história deste profeta, que foi enviado por Deus para anunciar a mensagem de arrependimento à cidade de Nínive, uma cidade estrangeira.

Durante Rosh Hashaná, todo o mundo (não só o povo de Deus) é chamado a refletir sobre suas ações do ano passado e a buscar o arrependimento.

Assim como Jonas foi enviado para anunciar aos ninivitas a necessidade de se arrepender, também, os gentios, são chamados a se arrepender e buscar a reconciliação com Deus. A leitura do livro de Jonas lembra que o julgamento divino não se limita apenas ao povo judeu, mas se estende a todo o mundo. Assim como Deus mostrou misericórdia a Nínive quando eles se arrependeram, Ele também está disposto a mostrar misericórdia a todos os povos que se voltam para Ele com sinceridade.

Para nós, povo de Deus, ao ler o livro de Jonas durante Rosh Hashaná, somos lembrados da importância de estender a mão para os estrangeiros e de compartilhar os valores da Torá, com uma mensagem de arrependimento e reconciliação com Deus. Isso nos lembra que somos responsáveis não apenas pela nossa própria comunidade, mas também pelo bem-estar espiritual de toda a humanidade.

Portanto, a leitura do livro de Jonas, durante Rosh Hashaná, é como um ‘marca texto’ em nossas mentes para nos lembrar que o julgamento divino é universal e que, os gentios, devem buscar a reconciliação com Deus e, que nós povo de Deus, devemos comunicar a mensagem da Torá, amor e Teshuvá, com todos os povos.

 

Jonas existiu para Nínive, e quem será o Jonas para o meu bairro, cidade ou nação?

A responsabilidade de passar essa mensagem de arrependimento e retorno a Deus é compartilhada por todos nós, seus servos, para o ticum do mundo.

De acordo com a tradição judaica, cada pessoa tem a responsabilidade de ser uma luz para as nações e compartilhar os ensinamentos da Torá com o mundo. Isso inclui a mensagem de arrependimento e retorno a Deus. Cada um de nós, por nossas ações e também com palavras,  tem a função de influenciar e inspirar os outros a buscar a reconciliação com Deus.

Como judeus, somos chamados a viver de conforme os princípios da Torá e a ser um exemplo para os outros. Ao viver uma vida de retidão e demonstrar os valores judaicos em nossas ações, podemos influenciar positivamente aqueles ao nosso redor e encorajá-los a buscar a teshuvá. Para isso, como comunidade, temos a responsabilidade de propagar a mensagem de arrependimento e retorno a Deus para o mundo, com apoio da nossa comunidade (beit ou sinagoga).

Essas ações podem ser por meio de atos de caridade, ensinamentos da Torá, envolvimento em projetos de justiça e promoção da paz e da harmonia entre as pessoas do nosso entorno.

Portanto, cada um de nós somos um Jonas, temos a responsabilidade de ser um mensageiro de Deus e compartilhar a mensagem de arrependimento e retorno a Ele com o mundo.

 

Como o mundo é julgado?

Pela tradição judaica existem sete leis que se aplicam à humanidade, independentemente de sua religião ou origem étnica, conhecidas como as Sete Leis de Noach. Assim sendo, a humanidade como um todo e cada alma em particular é pesada e julgada conforme os seguintes mandamentos:

As nações deverão estabelecer tribunais de justiça: Isso implica a criação de um sistema legal justo e imparcial para garantir a ordem e a justiça na sociedade.

Proibição de assassinato: É proibido tirar a vida de outro ser humano, a menos que seja em legítima defesa ou como punição legal por um crime grave. Deve-se repudiar o assassinato e valorizar a vida.

Proibição de roubo: É proibido roubar ou se apropriar indevidamente de bens de outra pessoa. Dessa forma a sociedade deve repudiar esse comportamento e as pessoas devem respeitar o seu próximo.

Proibição da idolatria: É proibido adorar ídolos ou qualquer forma de idolatria, na sua forma mais rudimentar, honrando estátuas, as pessoas ou ainda, mais refinada, o culto à personalidade, prosperidade, etc. É esperado que as pessoas reconheçam a unicidade de Deus.

Não desonrar ao Deus de Israel. É proibido blasfemar ou profanar o nome de Deus.

Proibição da imoralidade sexual: Isso inclui a prática, legalização, normalização ou consentimento com o adultério, incesto, relações homossexuais e da bestialidade.

Proibição de crueldade com animais: É proibido causar sofrimento doloroso aos animais. Assim, deve-se ter leis de proteção aos animais e evitar práticas como tourada, rinha de luta animal, ou ainda, criação, manejo ou abate, que proporcione sofrimento.

 

Por estas leis se constrói uma sociedade moral e ética, e seu cumprimento é visto como uma forma de cumprir a vontade de Deus para a humanidade na totalidade, e por estas regras, as nações e cada pessoa, são julgadas.

Hashem é um Deus misericordioso e compassivo. Contudo, se a dureza de coração e o comportamento obstinado da sociedade em seguir negando a Torá, estará exposta ao julgamento de Hashem.

 

Indicativos do comportamento constatável da sociedade

Atualmente a sociedade em geral tem transgredido a Torá:

Promovendo e normalizando relações sexuais fora do casamento. A Torá é clara ao estabelecer que a intimidade sexual deve ocorrer apenas entre um homem e uma mulher casada.

Permitindo e até mesmo promovendo o aborto. A Torá considera a vida humana como sagrada desde o momento da concepção.

Adotando práticas de idolatria, como o estímulo de celebridades, dinheiro e poder. Adotam o título de ‘ídolos’. E eles ditam a moda, comportamento e estilo de vida. A Torá proíbe esse tipo de estímulo.

Promovendo a desonestidade e a corrupção em vários níveis, desde pequenas mentiras até grandes esquemas fraudulentos. A Torá enfatiza a importância da honestidade e da justiça.

Negligenciando o cuidado com os mais vulneráveis, como os pobres, os órfãos e os estrangeiros. A Torá nos instrui a sermos compassivos e a ajudar aqueles que estão em necessidade.

 Promovendo a violência e a agressão, seja física, verbal, emocional ou virtual. A Torá nos ensina a buscar a paz e a resolver conflitos, pelo respeito mútuo e amor ao próximo.

Desrespeitando os pais e a família em geral. Atualmente os pais praticamente não podem educar seus filhos. Estão 100% do tempo sob o crivo da nova agenda de ‘respeito ao outro’. A Torá nos ordenará a honrar nossos pais e a valorizar os laços familiares e educar seus filhos com os valores éticos da Sagrada Escritura.

Promovendo a ganância e o materialismo excessivo. A Torá nos ensina a buscar a satisfação espiritual e a não colocar o acúmulo de riquezas como prioridade máxima.

Negligenciando o estudo e a prática da Torá em si. A concorrência por ‘ter’ em nossa sociedade, e a necessidade de consumo e ostentar o que tem, numa competição insana, tem gerado a escravidão aos conceitos sociais; dar resposta aos olhos de seus amigos, enfim, consomem tempo e energia naquilo que não é vida. A Torá é a base da nossa fé e nos guia em todos os aspectos da nossa vida.

Ao ignorar ou distorcer seus ensinamentos, a sociedade contemporânea se afasta dos caminhos de D’us.

Conclui-se que o julgamento é composto das ações dos tzadikim(justos), que trazem luz, sal a esta terra, e as ações das nações, que devem refletir os conceitos da Torá para eles. Quanto maior a proximidade de Hashem e prática da Torá, mas nos elevamos e alcançamos shalom. Quanto mais ‘anomia’ negação da Torá (instruções de Hashem) a seu povo e da sociedade em geral, colheremos as consequências próprias desses atos.

 

Como diz Vezot habhacha (esta é a benção):

“Hashem veio do Sinai...”

“Na verdade, (Ele) ama os povos...”

“Prescreveu (a Torá) por herança...”

“Hashem se tornou Rei...”

 

Chag Sameach Sucot!!! Que tenhamos boas sentenças para este novo ano e que nossas ações contribuam para a criação de um novo mundo! Baruch habá, HaMashiach.

 

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