Mashiach e Devarim
Nos escritos nazarenos diz que o Messias, encontrou-se com seu primo Yochanan o imersor, e depois de fazer a sua imersão, foi para o deserto ficou lá por 40 dias e 40 noites, sem se alimentar.
Isso é estória ou história?
Por que ele resolve ir logo para o deserto? Que época do ano,
e com qual idade ele foi para o deserto e não subiu o monte, como fazem algumas
religiões? Existem evidências segundo a tradição judaica de que isso tudo tenha
acontecido? Por que esse Messias não veio
trazer uma mensagem de paz e amor? O que tem a ver Devarím, com essa história
toda?
Para compreender, é necessário recordar alguns aspectos:
As três primeiras parashiot (porções) de Devarim (livro de
Deuteronômio), são lidas durante o período de três semanas que envolvem o dia
de Tisha B'Av (9 do mês de Av). É
relevante lembrar que o dia 9 de Av (tisha B’Av) é um dia marcado por grandes catástrofes
para o povo de Israel. O primeiro evento “trágico” (pela visão humana) que
ocorreu nesse dia foi o relato dos espias que Moshé mandou fazer uma sondagem
estratégica da terra de Canaã, como um general planejando a invasão, o que Deus
não mandou! Os 12 espias voltaram e 10 deles fizeram um relatório negativo e desencorajador,
que colocou todo Israel em pânico, e querendo retornar ao Egito. Resultado,
Deus disse que essa geração não iria entrar na Terra que Ele havia prometido aos
Pais, e que ficariam 40 anos no deserto, um ano por dia (40) que os espias percorreram
a terra de Canaã.
Depois disso, no dia 9 de Av, nessa mesma data, ocorreu ainda:
· A destruição do Primeiro Templo: Em 586 aC;
· O Exílio do povo judeu na Babilônia;
· A destruição do Segundo Templo, no ano 70 dC, pelo o Império Romano;
· A queda da última fortaleza judaica durante a revolta de Bar Kochba, resultando em um grande número de mortes, em 135 dC, entre muitos outros.
Portanto, essa data já era dia de luto pelo falso relato dos
espias, dos 40 anos do deserto e pela destruição do Templo de Salomão. Desta
forma, já havia a tradição de ler ‘As Três de Admoestação" (Shloshet
HaTochachot), são estas:
· Parasha Devarim: Esta parashá é lida no Shabat anterior ao dia de 9 de Av. Nela, Moshé relembra os eventos do deserto e adverte o povo sobre as consequências de suas ações.
· Parasha Va'etchanan: Moshé suplica por graça a Hashem pelo povo de Israel.
· Parasha Eikev: Nesta Moshé relembra os eventos do deserto, marcando na mente do povo a importância de cumprir os mandamentos de Deus, para que haja, shalom (plenitude).
Como se vê, Devarim é lida às vésperas de 9 de Av, 20 dias
depois é o mês de Elul, mês da Teshuvá (retorno aos caminhos de Deus), tempo
de introspecção e preparação para as festas de Rosh Hashaná e Yom Kipur.
Nesta época é propícia a reconciliação, perdão e após estas ações, faz-se a imersão
de purificação, conforme prescreve a Torá.
Daí, a primeira questão:
Por que o Messias resolveu sair naquele ano de sua vida?
No Talmud, existe referências que indicam que tanto o rei
como o sacerdote assumem suas funções com a idade de 30 anos.
No que diz respeito ao sacerdócio, o Talmud, no tratado de Yoma
2a, cita o versículo em Números 4:3, que estabelece a idade em que os levitas
começam a servir no Tabernáculo: "Da idade de trinta anos para cima até a
idade de cinquenta anos, todos os que entram para o serviço, para fazerem o
trabalho na tenda da congregação”. A partir dessa passagem, o Talmud conclui
que a idade de 30 anos é quando os levitas estão prontos para assumir suas
funções sacerdotais.
Quanto ao rei, o Talmud, no tratado do Sanhedrin 21b,
menciona que o rei deve ter pelo menos 30 anos de idade para assumir o trono.
Isso é baseado em uma interpretação do versículo em 2 Samuel 5:4, que descreve
a ascensão de Davi ao trono: "Davi tinha trinta anos quando começou a
reinar, e reinou quarenta anos". A partir dessa passagem, o Talmud
estabelece a idade de 30 anos como a idade mínima para um rei assumir o
governo.
Assim, baseado nestas interpretações e na tradição rabínica
que derivam da Torá, a idade de 30 anos era a apropriada para o sacerdócio ou para
o reinado.
Por que o Messias saiu somente após o estudo anual dos 4 livros
da Torá, e após a porção Devarim (Deuteronômio)?
Você já deve ter feito mil conexões: fim de um ciclo de
estudo da Palavra de Deus, falada diretamente à Moshe; Período dos 40 dias dos
espias que erraram, o simbolismo dos 40 anos de morte daquela geração, e os 40
dias do Messias, retificando, agora, sem erro; preparação para Teshuvá; a
mensagem de Devarim são os mandamentos para a nação de Israel, sem os
mandamentos que eram aplicados no deserto; 40 dias, pois foi dito: enviarei um
profeta igual a Moshé Dt. 18:15; Essa jornada de 40 dias, foi a prova final
para que o homem/rabino Yeshua, concluísse sua preparação para a missão. No
deserto pode rever toda a Torá, as mitsvot do deserto e para o reino de Israel
e obter as instruções (Torá) para sua missão.
Se pensou nisso, acertou!!!
Então, o Messias só saiu para o deserto após a sua imersão,
como rito de passagem, na mudança de status que ele assumiria em colocar em
marcha o plano de redenção, que ele começaria, após esse período. Desta forma,
como bom judeu, se concentrou como nunca no estudo da tora nesse último ano e
ciclo de estudo da Torá, fez sua imersão, para assumir sua missão de Mashiach sofredor (ou pretifificando o, Ben
Yossef), foi para o deserto para meditar e se submeter à Torá se alimentando, exclusivamente
dela para sobreviver sem comida e bebida.
No período do Mês de ELul, introspecção, estava, no deserto
se preparando, concentrando e recebendo as instruções de Hashem para sua
missão, sem desviar o foco de seu único propósito: preparar o caminho para a
redenção das ovelhas perdidas da casa de Israel.
Outro aspecto interessante, é que o livro de Deuteronômio (Devarim), vem do grego ‘deuteros’ + ‘nomo’ ou seja "segunda lei". No Talmud de Jerusalém (Peah 2:4), é dito: "A Torá que um homem aprende neste mundo é como se fosse alegria diante de Deus, mas a Torá do Mundo Vindouro é como se fosse vida diante de Deus". E ainda, no Midrash Tehillim (Salmo 90:16), é dito: "A Torá que será ensinada na era de Mashiach é diferente da Torá que Moisés ensinou". Além disso, há uma passagem no Talmud de Babilônia (Sanhedrin 99a) que diz: "Rabi Yochanan disse: nesta vida, os sábios sentam à sombra da Torá, mas na era de Mashiach, eles se sentarão à sombra da Árvore da Vida". Essas passagens sugerem que a Torá de Mashiach será mais profunda e completa do que a Torá que temos hoje, ou seja segunda lei, sendo a mesma, como foi a segunda lei (Deuteronômio- Devarim), a de Moshé!!
Logo, se o Messias estava lendo a haftará da porção de Netzavim, esta porção é o marco para que se possa contar conta 40 dias antes, e constatarmos que na porção Vaetchanan (implorei
por graça), é que ele estava no deserto, confirmando os fatos já ditos anteriormente, a saber:
· Que ele saiu após a parasha de Devarim, no período de introspecção (Elul);
· Que fez a imersão de purificação como todos bons judeus faziam como preparativo para as grandes festas; e
· Que os diálogos que ele teve com ha'satan estavam presentes justamente nessas porções.
Aqui temos duas situações fantásticas, pois as porções Netzavim e Vayelech são lidas no Shabat anterior a Rosh Hashaná (ano novo) ou Dia de ouvir o shofar. Essas duas parashiot são frequentemente lidas juntas para criar uma conexão temática e transmitir uma mensagem especial antes do Ano Novo Judaico.
Assim, terminado os 40 dias e noites, o Messias retorna para
sua cidade e, entrando o shabat, ele vai a sinagoga. Nesse shabat, a porção Netzavim
que é o momento em que todo Israel está formalmente diante de Hashem, ‘ficam de
pé”(netzavim) para entrar em aliança com Deus. Este ato é a renovação dessa aliança
feita no Sinai, agora, com esta geração, “e também com aquele que não está
aqui, hoje, conosco”(Dt 29.15), ou seja, as futuras gerações dos judeus e os “estrangeiros
que se chegam ao Hashem, para o servirem e para amarem o nome do Hashem, sendo
deste modo servos seus, sim, todos os que guardam o shabat, não o profanando, e
abraçam a minha aliança”. Is. 56.6.
Incrivelmente, o Messias chega exatamente nesta porção, de
pé (Netzavim), para assumir sua missão de resgatador das 10 tribos perdidas e
de quem, quiser aderir a esse pacto! Então, na sinagoga, no momento da leitura
da haftará (porção correspondente aos profetas), no serviço da manhã (shacharit),
ele é convidado para subir e fazer a leitura. Esse episódio está descrito em Lucas
4:
“E, chegando a Nazaré, onde fora criado, entrou no shabat, segundo o seu costume, na sinagoga, e levantou-se para ler. E foi-lhe dado o livro do profeta Isaías; e, quando abriu o livro, procurou o lugar em que estava escrito: O Espírito do Senhor é sobre mim, Pois que me ungiu para anunciar a boa notícia os pobres. Enviou-me a curar os quebrantados de coração, a anunciar liberdade aos cativos, restaurar a vista aos cegos, a pôr em liberdade os oprimidos, a anunciar o ano aceitável do Senhor. E, fechando o livro, e tornando-o a dar ao Gabbai (é responsável por coordenar e organizar a leitura da Torá durante os serviços religiosos na sinagoga) e assentou-se; e os olhos de todos na sinagoga estavam fitos nele. Então começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu esta Escritura em vossos ouvidos”. (16-21)
No texto, diz que ele recebeu do Gabbai, descrevendo a sena
da função própria do Gabbai, ou seja, Ele pega o rolo (livro) de Isaías, que não
tem divisão de capítulos e versículos (texto corrido, sem ponto e sem vírgula),
então, ele mostra para quem subir para a leitura, onde deverá ser lido. Contudo,
a narrativa diz que o Messias procurou no texto e leu, ou seja, ele leu uma
outra parte, que estava próxima (dez versos antes do mostrado pelo Gabbai).
Este é o registro oficial de sua leitura que marca o momento que retornou após os 40
dias, período em que havia saído para o deserto, após o estudo da primeira
porção de Devarim.
O fantástico é que, após essa leitura, vem Yom Teruá (dia de ouvir
o shofar) ou seja o começo do ano novo, e então, ele começa a sua missão.
Mas qual é a missão do Mashiach?
1-
À Ele cabe a responsabilidade de resgatar as dez
tribos perdidas, também conhecidas como o Reino do Norte. Ele veio para cumprir
Isaias 53, “Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas
nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas
pisaduras fomos sarados”. Com o divórcio noticiado em Jeremias 3.8 “... dei à
infiel Israel a carta de divórcio e a mandei embora, por causa de todos os seus
adultérios”. Havia a necessidade da morte para regularizar a sua situação de
forma que possa Israel realizar as novas bodas, agora com o cordeiro. Como Messias
filho de José, já cumpriu, agora virá como Messias filho de David.
2-
O Messias, quando vier, reunirá todas as tribos
de Israel, incluindo as dez tribos perdidas, e as trará de volta à Israel, a Terra
Prometida, de acordo com:
Isaías 11:12: "Ele erguerá um
padrão para as nações e reunirá os dispersos de Israel; e congregará os
espalhados de Judá desde os quatro confins da terra."
Jeremias 31:8-9: "Eis que os
trarei da terra do norte e os congregarei dos confins da terra; entre eles, os
cegos e os coxos, as mulheres grávidas e as de parto; em grande assembleia,
voltarão para cá. Com choro virão, e com súplicas, os levarei; guiá-los-ei aos
ribeiros de águas, por caminho reto, em que não tropeçarão; porque sou pai para
Israel, e Efraim é o meu primogênito."
Ezequiel 36:24: "Porque vos
tirarei dentre as nações, vos congregarei de todos os países e vos trarei para
a vossa terra."
3-
Ele irá restaurar a soberania monárquica-judaica
em Israel: O Mashiach será responsável por reunir o povo judeu em sua terra
ancestral, Israel, e estabelecerá um governo judaico independente e forte.
4-
Irá reconstruir o 3º Templo Sagrado (Beit
HaMikdash) em Jerusalém, com rito do serviço Torá com as tradições depuradas e restaurará
o sistema de aproximação, com os serviços descritos em Vaikra (Levítico), conforme
diz Ezequiel, nos capítulos 40 a 48.
5-
Ele trará a paz mundial. Ele irá resolver
conflitos e estabelecer um período de paz e rigor na Torá, como diz em: Isaías
2:4: "Ele julgará entre as nações e resolverá contendas de muitos povos;
estes converterão as suas espadas em arados e suas lanças, em podadeiras; uma
nação não levantará a espada contra outra nação, nem aprenderão mais a
guerrear." E Miquéias 4:3: "Ele julgará entre muitos povos e
resolverá contendas de nações poderosas e longínquas; estes converterão as suas
espadas em relhas de arado e as suas lanças, em podadeiras; uma nação não
levantará a espada contra outra nação, nem aprenderão mais a guerrear."
6-
Ensinar a Torá: O Mashiach será um mestre da
Torá, ensinando e esclarecendo seus ensinamentos para o povo judeu e para todas
as nações: "E muitos povos irão e dirão: Vinde, subamos ao monte do
Senhor, à casa do Deus de Jacó, para que nos ensine os seus caminhos, e andemos
nas suas veredas; porque de Sião sairá a lei, e de Jerusalém, a palavra do
Senhor." Isaías 2:3; e Jeremias 23:5-6, diz: "Eis que vêm dias, diz o
Senhor, em que levantarei a Davi um Renovo justo; e, sendo rei, reinará e agirá
sabiamente, e executará o juízo e a justiça na terra. Nos seus dias, Judá será
salvo, e Israel habitará seguro; e este será o seu nome, com o qual Deus o
chamará: O Senhor é a nossa justiça." O Mashiach será um mestre da Torá,
ensinando os caminhos de Deus e guiando o povo na observância dos mandamentos da
Torá.
7-
Redimir a humanidade: O Mashiach irá redimir a
humanidade do pecado e da impureza espiritual, trazendo uma era de retidão e
santidade. Jeremias 31:33: "Mas este é o pacto que farei com a casa de
Israel depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei a minha lei no seu interior e
a escreverei no seu coração; e eu serei o seu D'us, e eles serão o meu povo".
Ezequiel 36:25-27: "Então, aspergirei água pura sobre vós, e ficareis
purificados; de todas as vossas imundícias e de todos os vossos ídolos vos purificarei.
Dar-vos-ei um coração novo e porei dentro de vós um espírito novo ; tirarei de
vós o coração de pedra e vos darei um coração de carne. Porei dentro de vós o
meu Espírito e farei que andeis nos meus estatutos, guardeis os meus juízos e
os observeis." Isaías 60:21: "E o teu povo serão todos justos, para
sempre herdarão a terra; serão renovos por mim plantados, obra das minhas mãos,
para que eu seja glorificado."
Por que Yeshua não veio trazer uma mensagem de paz, amor e
esperança?
O foco não estava na filosofia, ‘teologia’ judaica, mas na
prática da Torá, afinal ele era a Torá viva. Doutra forma teria escrito textos
e livros. Por sua vida e prática da Torá é que se deduzia sua mensagem, como ao
agir com rigor com os fariseus, que deveriam ser exemplo. Já com os ‘pecadores’
ele era amoroso e os incentivava a fazer teshuva, mandando-se apresentar aos
sacerdotes e fazer os ‘sacrifícios’ que por ventura estivesse prescrito na Torá
de Moshé.
Veio com uma missão trazer uma boa notícia para os
descendentes das tribos de Israel (as ovelhas perdidas na dispersão) que foram
assimiladas, perderam os hábitos que os identificavam como cumpridores da Torá,
pois a Torá é que modelou a cultura judaica que é fruto da obediência à sagrada
escritura .
Portanto, a mensagem de amor e esperança denota-se de suas ações, e suas palavras eram aplicações da Torá a cada situação específica; Sua missão de buscar as ovelhas perdidas da casa de Israel foi insistentemente proclamada: Mateus 10:6 Antes, porém, buscai as ovelhas perdidas da casa de Israel. Mateus 15:24. Eu não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel. Dos 12 shelichim (emissários) apenas Shaul foi designado aos estrangeiros, os demais atuaram entre judeus e as tribos perdidas, em especial. Relevante ressaltar que a TODOS estrangeiros ou não judeus, a redenção é prometida, a saber: “aos estrangeiros que se chegam ao SENHOR, para o servirem e para amarem o nome do SENHOR, sendo deste modo servos seus, sim, todos os que guardam o shabat, não o profanando, e abraçam a minha aliança”. Is. 56.6.
A Redenção é para todos!! BH
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